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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Esse heme...


A revista Science Translational Medicine acaba de publicar um artigo do grupo de um ilustre colaborador da SBI e meu amigo, Miguel Soares, do Instituto Gulbenkian de Ciências. Miguel é um entusiasta da enzima heme oxigenase 1 (HO-1) e já descreveu interessantes funções desta enzima em diversas situações patológicas, como rejeição de transplantes, malária grave e agora sepse.

Neste mais recente artigo, que mereceu editorial e a capa da revista (veja aqui), o grupo do Miguel mostrou uma série de achados interessantes, sendo que os principais estão listados a baixo:

1. 1. Em um modelo experimental de sepse induzida pela ligadura do ceco e punctura, camundongos deficientes da HO-1 sucumbem rapidamente ao passo que animais wild type resistem;

2. 2. O efeito protetor da HO-1 neste modelo está relacionado à habilidade de prevenir o dano oxidativo causado pelo heme livre, aumentado em razão da hemólise e exposição da hemoglobina livre durante a infecção;

3. 3. A administração do heme após a infecção de camundongos promoveu dano tecidual e sepse grave;

4. 4. O heme livre contribuiu para a patogênese da sepse grave, de maneira independente do tamanho do inoculo de bactéria, revelando que ocorre um comprometimento da tolerância do hospedeiro contra a infecção (noção que o próprio Miguel discutiu no congresso da SBI em 2009);

5. 5. A letalidade da sepse grave esteve associada a concentrações reduzidas da proteína hemopexina (HPX), que normalmente seqüestra o heme e previne os danos patológicos;

6. 6. A administração da HPX após a infecção preveniu o dano tecidual e a letalidade;

7. 7. O desfecho letal do choque séptico em pacientes também esteve associado a concentrações reduzidas de HPX.

O grupo conclui que a HPX pode ser uma candidata a droga para uso terapêutico na sepse grave

O artigo é eletrizante e cheio de experimentos bem feitos com controles adequados.

Parabéns ao Miguel e ao seu grupo pelo excelente trabalho merecedor do crédito que está recebendo na comunidade científica. A leitura é mais do que indicada.

Fonte: R. Larsen, R. Gozzelino, V. Jeney, L. Tokaji, F. A. Bozza, A. M. Japiassú, D. Bonaparte, M. M. Cavalcante, Â. Chora, A. Ferreira, I. Marguti, S. Cardoso, N. Sepúlveda, A. Smith, M. P. Soares,A central role for free heme in the pathogenesis of severe sepsis. Sci. Transl. Med. 2, 51ra71 (2010).

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