Os mecanismos pelos quais uma resposta imune é capaz de regular seu próprio curso e com isso evitar sérios danos teciduais são sempre alvo de grandes discussões e normalmente despertam enorme interesse entre os imunologistas (vide ser tema frequente no SBlogI). Nesse contexto, as células T reguladoras, atualmente, estão no centro do palco, em grande evidência. As células T reguladoras melhor caracterizadas são aquelas que expressam foxp3, oriundas ou não do timo. No entanto, várias outras já foram descritas. Há algum tempo Ethan Shevach escreveu um artigo sobre as várias células T reguladoras descritas e fez uma analogia entre elas e diferentes sabores de sorvete. Daí retirei a figura abaixo.
O post de hoje trata de um novo sabor, as iTreg35. O grupo liderado por Dario Vignali já havia publicado um artigo em que eles relacionavam a IL-35 com as células T reguladoras foxp3+. A IL-35 é um heterodímero formado por EBI3 (que também faz parte da IL-27) e p35 (que é uma das cadeias da IL-12). Neste primeiro artigo, publicado em 2007 na Nature, eles identificaram Tregs foxp3+ como a principal fonte de IL-35 e argumentaram que esta citocina é parte importante do modo pelo qual as Tregs exercem supressão. Agora, em um novo artigo disponível online a partir do dia 17 deste mês na Nature Immunology, o grupo de Dario Vignali vai além. Os autores verificaram que células T naive CD4+ de humanos e também de camundongos quando ativadas in vitro na presença de IL-35 dão origem a células que produzem IL-35 mas não produzem IL-10 e TGF-beta. Frente a um segundo estímulo, as células pouco proliferam, ou seja, são hiporresponsivas. Além disso, as células geradas na presença de IL-35 são capazes de suprimir, in vitro, a resposta de células T CD4+ convencionais. Esta atividade supressora não foi dependente de contato, de IL-10 ou de TGF-beta, mas sim de IL-35. Os autores também verificaram, no caso dos camundongos, a capacidades dessas células exercerem supressão in vivo. A transferência das ditas iTr35 para animais scurfy (foxp3 -/-) foi tão eficiente quanto a transferência de nTregs em impedir o desenvolvimento da síndrome autoimune que caracteriza a linhagem. As iTr35 também foram capazes de bloquear o desenvolvimento da encefalomielite autoimune experimental. Os pesquisadores buscaram identificar a expressão de genes que pudessem definir um programa transcricional específico das iTr35 mas nada foi encontrado. No entanto, observaram que as células geradas na presença de IL-35 não expressam foxp3 e parecem ser estáveis após serem transferidas. Por fim, os autores descrevem que a IL-35 oriunda das células T reguladoras foxp3+ leva à geração de iTr35. Esta observação fez com que sugerissem que as iTr35 constituem uma importante engrenagem no mecanismo de tolerância infecciosa. E então? Temos de fato um novo sabor, ou uma nova célula T reguladora? Para os interessados, aí vão as referências dos originais, cuja leitura certamente agregará bastante.
O post de hoje trata de um novo sabor, as iTreg35. O grupo liderado por Dario Vignali já havia publicado um artigo em que eles relacionavam a IL-35 com as células T reguladoras foxp3+. A IL-35 é um heterodímero formado por EBI3 (que também faz parte da IL-27) e p35 (que é uma das cadeias da IL-12). Neste primeiro artigo, publicado em 2007 na Nature, eles identificaram Tregs foxp3+ como a principal fonte de IL-35 e argumentaram que esta citocina é parte importante do modo pelo qual as Tregs exercem supressão. Agora, em um novo artigo disponível online a partir do dia 17 deste mês na Nature Immunology, o grupo de Dario Vignali vai além. Os autores verificaram que células T naive CD4+ de humanos e também de camundongos quando ativadas in vitro na presença de IL-35 dão origem a células que produzem IL-35 mas não produzem IL-10 e TGF-beta. Frente a um segundo estímulo, as células pouco proliferam, ou seja, são hiporresponsivas. Além disso, as células geradas na presença de IL-35 são capazes de suprimir, in vitro, a resposta de células T CD4+ convencionais. Esta atividade supressora não foi dependente de contato, de IL-10 ou de TGF-beta, mas sim de IL-35. Os autores também verificaram, no caso dos camundongos, a capacidades dessas células exercerem supressão in vivo. A transferência das ditas iTr35 para animais scurfy (foxp3 -/-) foi tão eficiente quanto a transferência de nTregs em impedir o desenvolvimento da síndrome autoimune que caracteriza a linhagem. As iTr35 também foram capazes de bloquear o desenvolvimento da encefalomielite autoimune experimental. Os pesquisadores buscaram identificar a expressão de genes que pudessem definir um programa transcricional específico das iTr35 mas nada foi encontrado. No entanto, observaram que as células geradas na presença de IL-35 não expressam foxp3 e parecem ser estáveis após serem transferidas. Por fim, os autores descrevem que a IL-35 oriunda das células T reguladoras foxp3+ leva à geração de iTr35. Esta observação fez com que sugerissem que as iTr35 constituem uma importante engrenagem no mecanismo de tolerância infecciosa. E então? Temos de fato um novo sabor, ou uma nova célula T reguladora? Para os interessados, aí vão as referências dos originais, cuja leitura certamente agregará bastante.
Shevach EM. From vanilla to 28 flavors: multiple varieties of
T regulatory cells. Immunity. 2006 Aug;25(2):195-201
Collison LW, Workman CJ, Kuo TT, Boyd K, Wang Y, Vignali
KM, Cross R, Sehy D, Blumberg RS, Vignali DA. The inhibitory
cytokine IL-35 contributes to regulatory T-cell function.
Nature. 2007 Nov 22;450(7169):566-9
Collison LW, Chaturvedi V, Henderson AL, Giacomin PR, Guy C,
Bankoti J, Finkelstein D, Forbes K, Workman CJ, Brown SA,
Rehg JE, Jones ML, Ni HT, Artis D, Turk MJ, Vignali DA.
IL-35-mediated induction of a potent regulatory T cell
population. Nat Immunol. 2010 Oct 17.
Boa professor Basso.
ResponderExcluirConfesso que ainda nao entendi muito essa história da IL-35. Parece ser importante, mas acho que ainda falta muita peça no quebra-cabeça. Como maneira de ação das Treg é possível, mas ainda não estou convencido (pode ser que adicione aos mecanismos já em ação), como nova Th subset, to mais cabreiro ainda.
Veremos...
Salve grande Daniel, confesso que também fico meio cabreiro. É um boom de novos subtipos, um para cada citocina. Mas como você disse, veremos...
ResponderExcluirSó agora vi que você também comentou no post anterior, das CD8aa. Participação mais que apropriada.