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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Linfócitos B inflamatórios

Linfócitos B ativados (verde) em um centro germinativo

Uma assunto que tem me interessado bastante recentemente é o possível papel dos linfócitos B (LB) na inflamação. Que os anticorpos produzidos por LB são importantes numa série de doenças inflamatórias – como a artrite reumatóide, por exemplo – é bem sabido. O não se sabe muito bem é se os LB tem algum papel adicional, possivelmente ligado à produção de citocinas ou outros agentes proinflamatórios.


Os LB expressam os TLR 1, 2, 3, 4, 6, 7 e 9, e proliferam vigorosamente em resposta a LPS e CpG. Também produzem citocinas como IFN-g, IL-2, linfotoxina, IL-12, IL-4, IL-10 e IL-6, e há quem os divida em subtipos à la T helper cell (Be1 e Be2). Além disso, infiltrados contendo LB são comuns em inúmeras doenças autoimunes e/ou autoinflamatorias, e tratamento com anti-CD20, um anticorpo monoclonal que depleta LB, tem se mostrado efetivo no tratamento de diversas doenças inflamatórias tradicionalmente consideradas T-dependentes, como a esclerose múltipla e o diabetes.


Foi, portanto, uma grata surpresa (para mim, que não tinha lido o trabalho já publicado) a palestra do Michael Karin, da Universidade da Califórina – San Diego, no ICI do Japão. Nesse artigo publicado na Nature, o grupo de Karin mostra, em um modelo de tumor de próstata resistente à castração, que a apoptose das células tumorais em resposta à falta de andrógeno leva ao recrutamento de células inflamatórias, incluindo LB, ao tecido tumoral. Supreendentemente, o infiltrado inflamatório, ao invés de proteger o camundongo, promove a recidiva do tumor. Esse processo parece ser mediado pelos linfócitos B infiltrantes, pois animais RAG-/- (nos quais o tumor demora muito mais para recidivar) reconstituídos com LB – mas não com linfócitos T – são indistinguíveis dos animais WT em termos de crescimento tumoral. Os autores vão além, e mostram que o crescimento tumoral depende da capacidade dos LB de produzir linfotoxina – animais B-LTb-/-, nos quais os LB são incapazes de produzir linfotoxina, têm fenótipo de crescimento tumoral semelhante aos RAG-/-. Portanto, os linfócitos B parecem ter uma ação independente da produção de anticorpos, agindo de maneira análoga a células inflamatórias – infiltrando o tecido e produzindo mediadores inflamatórios.


E então, será que os LB teriam uma função adicional, innate-like, que se expressa em situações de inflamação? Ou será que isso tudo é consequência da desregulação característica dos tumores e das doenças inflamatórias?

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2 comentários:

  1. Otimo post, Linfócitos Bs mostrando sua cara. Vou ler o paper.
    Abraço

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  2. A imunologia sempre me pareceu um imenso campo, ainda pouco explorado pelo ser humano (em se tratando de sua complexidade). Este post vem corroborar isso. São tantas células e moléculas envolvidas que facilmente me perco nas leituras que faço.
    Será que realmente conhecemos (todo) o potencial de nossos leucócitos?
    Abraço.

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