Figura: Novo modelo proposto para
imunovigilância no hospedeiro – A maioria dos compartimentos, incluindo órgãos
sólidos e espaços vasculares são patrulhados por populações residentes de
linfócitos T CD8 que permanecem localizados dentro desses sítios. O número de
células residentes é subestimado pelos ensaios imunológicos padrões e indica
que a imunovigilância exercida pelos linfócitos T CD8 de memória é altamente
regionalizada. Fonte: Steinert et al., 2015. Cell.
A imunização gera diversas
subpopulações de linfócitos T de memória que diferem segundo suas propriedades
migratórias, distribuição anatômica e, consequentemente, sua acessibilidade de
investigação. Em edição recente da revista Cell, o grupo liderado pelo Dr. David
Masopust do Department of Microbiology e Center for Immunology da University of
Minnesota nos Estados Unidos demonstrou que ao contrário de dados previamente descritos, uma
subpopulação de linfócitos T CD8 de memória considerada minoritária em tecidos periféricos,
denominada de linfócitos T de memória residentes, foi dramaticamente
subestimada até o momento. Dessa forma, os modelos atuais de imunidade
protetora requerem revisão.
Memória de linfócitos T CD8 protege
o hospedeiro contra patógenos celulares por meio da varredura de moléculas de
superfície de suas células. Dessa forma, o ritmo de detecção da infecção
depende do número de células de memória e de sua distribuição. Além disso, análises
de subpopulações celulares dependem do isolamento celular de orgãos inteiros e sua
interpretação é baseada na premissa de que esse isolamento é capaz de recuperar
completamente os tipos celulares presentes.
As subpopulações celulares de
memória são subdivididas em subpopulações de memória central, efetora e
residente, que são definidas por meio de padrões de imunovigilância, mas que na
prática, são identificadas por marcadores fenotípicos. Assim, os autores do
trabalho testaram a validade dos modelos propostos de diferenciação de células
T de memória e sua distribuição frente à infecção murina pelo vírus da coriomeningite linfocítica. Os dados foram
analisados por citometria de fluxo e por microscopia de imunofluorescência quantitativa, a partir de uma população murina de linfócitos T CD8 de memória dos camundongos infectados.
Os resultados revelaram alguns achados
principais: o isolamento de linfócitos não foi capaz de recuperar a maioria das
células, sendo preferencialmente recuperadas certas subpopulações. Esse isolamento subestimou ainda
o número de linfócitos T CD8 de memória em tecidos não linfoides, que
juntamente com as células T CD8 de memória que circulam no sangue, superaram o
número das células presentes nos órgãos linfoides; na ausência de inflamação, a
imunovigilância realizada por células T CD8 de memória central e efetora em
tecidos não linfoides foi mínima; células residentes foram a população majoritária
nos órgãos não linfoides em comparação com as células recirculantes e as subpopulações
de células de memória migraram para o sítio inflamatório de forma distinta daquela
previamente hipotetizada pelos padrões de migração.
Os resultados do estudo propõem um
modelo revisado de imunovigilância que destaca a existência de grande número
de células T CD8 de memória sítio-localizadas. Populações diferentes de células
T CD8 de memória patrulham nichos anatômicos distintos que formam uma rede
imunológica integrada para proteger o hospedeiro de reinfecções. Além disso, cabe ressaltar, que a
maioria do patrulhamento do hospedeiro é realizada por populações abundantes de
células T CD8 de memória regionalizadas e que não recirculam. Ao
invés disso, permanecem confinadas dentro de compartimentos anatômicos
específicos.
Referências:
- Steinert EM, Schenkel JM,
Fraser KA, Beura LK, Manlove LS, Igyártó BZ, Southern PJ, Masopust D.
Quantifying Memory CD8 T Cells Reveals Regionalization of Immunosurveillance.
Cell. 2015 May 7;161(4):737-49. doi:10.1016/j.cell.2015.03.031.
- Gerlach C, Loughhead SM, von
Andrian UH. Figuring fact from fiction: unbiased polling of memory T cells.
Cell. 2015 May 7;161(4):702-4. doi: 10.1016/j.cell.2015.04.038.
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