No entanto, várias moléculas amplamente utilizadas
como marcadores fenotípicos não fazem muito “sentido fisiológico” (pelo menos
para mim). Um marcador que sempre me desperta a curiosidade é o CD11c. Sem entrar
na discussão de um marcador universal para DCs ou qualquer outra população
celular, a alta expressão de CD11c é um excelente marcador de DCs em
camundongos [1]. Esta molécula
está relacionada com internalização de partículas opsonizadas, já que faz parte
do receptor de complemento CR4. Além disto, por ser uma integrina, participa da
migração celular. As funções descritas acima são importantes para uma DCs, entretanto,
para que uma DC precisa de alta expressão de CD11c? Porque isto é importante
para uma DC e não para as demais populações celulares? Animais deficientes na
molécula CD11c não apresentam alterações dramáticas nas respostas a infecções [2,
3], o que sugere que esta molécula
não seja tão essencial para uma DC exercer as suas funções. Interações de DCs
com moléculas do complemento são importantes para geração de tolerância, o que
poderia caracterizar DCs tolerogênicas [4], mas estas
interações não são necessariamente via CR4. Além disto, para que esta expressão
em DCs imunogênicas?
Alguns trabalhos recentes descrevem mecanismos
moleculares responsáveis pela expressão do CD11cem DCs [5], outros
trabalhos utilizam a expressão desta molécula como ferramenta para depleção in vivo [6] ou in vitro, porém, sempre
sem explorar a função da molécula.
Será que realmente existe uma relação entre a expressão
de CD11c e função de uma DC ou esta molécula é expressa acidentalmente em altos
níveis em decorrência dos variados estímulos que promovem a geração da DC
madura? Embora eu não saiba a resposta para esta pergunta, sempre que vejo
células CD11c+ tão bem separadas em análises de citometria eu penso: -que bom que as células do
sistema imune são vaidosas e expressam algumas moléculas apenas para saírem bonitas
citometria.
2. Allen, S.J., et al., CD11c controls herpes simplex virus 1 responses to limit virus replication during primary infection. J Virol, 2011. 85(19): p. 9945-55.
3. Guerau-de-Arellano, M., et al., Aggravated Lyme carditis in CD11a-/- and CD11c-/- mice. Infect Immun, 2005. 73(11): p. 7637-43.
4. Hsieh, C.C., et al., The role of complement component 3 (C3) in differentiation of myeloid-derived suppressor cells. Blood, 2013. 121(10): p. 1760-8.
5. Zhu, X.J., et al., PU.1 is essential for CD11c expression in CD8(+)/CD8(-) lymphoid and monocyte-derived dendritic cells during GM-CSF or FLT3L-induced differentiation. PLoS One, 2012. 7(12): p. e52141.
6. van Blijswijk, J., B.U. Schraml, and C. Reis e Sousa, Advantages and limitations of mouse models to deplete dendritic cells. Eur J Immunol, 2013. 43(1): p. 22-6.
Milton Oliveira, novo colaborador do blog, é professor da Universidade Federal de Goiás. Bem-vindo, Milton!
ResponderExcluirGrato pelo convite,
ResponderExcluirMilton
Gostei muito do seu post.
ResponderExcluirRealmente é interessante a expressão de certos CDs nas células do SI.
Sobre sua pergunta final, acredito que CD11c "serve pra alguma coisa", provavelmente não descrita ainda.
Mas a citometria é bonita mesmo!
Parabéns pelo post.
Obrigado, pelo comentário. Na verdade, CD11c ajuda na internalização de moléculas pelas Dcs. Mas o que eu tento imaginar é se esta via de internalização tem alguma função que diferencia a apresentação entre macrófagos e DCs? Ou seja, inernalização via CD11c melhora melhora apresentação de células T naives? Ou coisas do gênero..
Excluir