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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O que os receptores de quimiocinas podem fazer por sua memória


Um dos maiores desafios hoje para os imunologistas é a compreensão dos mecanismos celulares que levam ao desenvolvimento de memória efetora. Nossos conhecimentos tem aumentado em relação a este tópico, no entanto, ainda nos falta por exemplo, a compreensão de quais células sobrevivem e se tornam células de memória após exposição à agentes agressores.
Sabemos que o microambiente inflamatório é determinante para o desenvolvimento de células efetoras e de memória. As células efetoras precisam de estímulos inflamatórios para que sejam ativadas, proliferem e se diferenciem. No entanto, a regulação deste processo é fundamental para que ele ocorra com sucesso. Já é de nosso conhecimento que o excesso de inflamação pode levar a geração de células T CD8+ efetoras terminalmente diferenciadas e a ausência de inflamação, por sua vez, pode resultar em anergia de células T. Aparentemente, as citocinas homeostáticas são de fundamental importância para a geração de células de memória de vida longa.
Um artigo recém publicado no JEM veio adicionar mais uma peça à este quebra-cabeça. Partindo de conhecimentos prévios de que os receptores de quimiocina CCR5 e CXCR3 são essenciais para que as células cheguem aos tecidos infectados, os autores hipotetizaram que estes receptores também impactariam na decisão de uma célula T se tornar efetora ou de memória.
Kohlmeier e colaboradores mostram neste estudo a contribuição destes receptores de quimiocinas na contração do pool de células T antígeno-específicas e no desenvolvimento de células T de memória. A ausência destes receptores prejudica a ativação de células T CD8+ no tecido inflamado, diminuindo consequentemente a contração celular e aumentando a geração de células de memória. A explicação encontrada nos dados foi a de que como as células não expressam CCR5 e CXCR3 possuem migração alterada, não re-encontrando os antígenos para os quais elas são específicas. Esta situação pode ser revertida com a ativação celular e conseqüente contração, caso antígenos exógenos sejam introduzidos no sistema.
O artigo é bastante interessante. Ainda se tratando do mesmo assunto, no mesmo volume do JEM, sugiro que leiam o artigo de Kurachi e colaboradores, que com certeza enriquecerá seu conhecimento sobre o papel de receptores de quimiocinas na geração de memória imune. Boa leitura!


Kurachi M, Kurachi J, Suenaga F, Tsukui T, Abe J, Ueha S, Tomura M, Sugihara K, Takamura S, Kakimi K, Matsushima K. Chemokine receptor CXCR3 facilitates CD8+ T cell differentiation into short-lived effector cells leading to memory degeneration. J Exp Med. 2011 Aug 1;208(8):1605-20.
Kohlmeier JE, Reiley WW, Perona-Wright G, Freeman ML, Yager EJ, Connor LM, Brincks EL, Cookenham T, Roberts AD, Burkum CE, Sell S, Winslow GM, Blackman MA, Mohrs M, Woodland DL. Inflammatory chemokine receptors regulate CD8+ T cell contraction and memory generation following infection. J Exp Med. 2011 Aug 1;208(8):1621-34.

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