Biotinilação in vivo separa a população de eritrócitos jovens dos maduros com
níveis diferenciais de expressão de CD47. (A) As três dosagens de biotina nos
dias consecutivos ao desafio recobrem todos os eritrócitos em camundongos
selvagens C57BL/6, antes de desafiá-los com o Plasmodium yoelii, contendo a proteína GFP (GFP-PyNL). Inicialmente,
os eritrócitos são 100% positivos, após marcação in vitro com estreptatividina-APC. Gradualmente, o acúmulo de
eritrócitos jovens (diagrama de fluxo representativo no retângulo inferior) é
observado com a perda da população de eritrócitos maduros (diagrama de fluxo
representativo no retângulo superior); d= dias após infecção. (B) A média ±
erro padrão do percentual de eritrócitos jovens e maduros durante o curso da
infecção estão plotados no gráfico da direita. Fonte: Banerjee et al., março
2015. PNAS.
Espécies de Plasmodium exibem uma forte preferência por infectar eritrócitos jovens, o que pode vir a ser um dos determinantes principais da gravidade da malária e sua patogênese. A base molecular que fundamenta essa preferência e a sua influência na carga parasitária ainda não está completamente elucidada.
Em trabalho recente publicado no PNAS, o qrupo
de pesquisa liderado pelo Dr. Sanjai Kumar do Laboratory of Emerging
Pathogens, Center for Evaluation and Biologics Research, FDA nos Estados Unidos,
abordou a associação entre infecção por Plasmodium
x carga parasitária x idade dos eritrócitos, considerando-se como proteína-alvo
o CD47. Essa proteína está presente na maioria das células, incluindo
eritrócitos, e em conjunto com a proteína alfa reguladora de sinal expressa em
macrófagos, previne o clareamento das células pelo sistema imune.
No estudo foi investigado o papel de CD47 no
crescimento e sobrevivência de Plasmodium
yoelli 17XNL em camundongos C57BL/6 (PyNL). Utilizando parasitos
expressando GFP, os pesquisadores demonstraram que eles preferencialmente
infectam eritrócitos jovens altamente positivos para CD47. Além disso,
camundongos deficientes em CD47 foram resistentes à infecção por PyNL e
apresentaram picos de parasitemia 9,3 vezes menor do que os camundongos
selvagens. Durante a fase aguda da infecção, essa resistência aumentada à
malária observada nos camundongos deficientes de CD47 estava associada à
elevação da frequência de células esplênicas F4/80+ que, por sua vez, apresentavam
frequência maior de fagocitose de eritrócitos parasitados em comparação às
células de camundongos selvagens. Adicionalmente, a injeção de anticorpos
neutralizantes para CD47 induziu uma redução significativa na carga parasitária em camundongos selvagens.
Esses resultados sugerem que eritrócitos jovens
que expressam alta densidade de CD47 servem como um escudo para o Plasmodium, protegendo-o da eliminação
pelas células fagocíticas. Esse pode ser um dos mecanismos de escape utilizados
pelo Plasmodium que preferencialmente
infecta eritrócitos jovens. Modulação dos níveis de CD47 com o uso de
anticorpos anti-CD47 poderá futuramente ser uma alternativa terapêutica
empregada em pacientes com malária grave.
Referência:
Banerjee R, Khandelwal S, Kozakai
Y, Sahu B, Kumar S. CD47 regulates the phagocytic clearance and replication of
the Plasmodium yoelii malaria parasite. Proc Natl Acad Sci U S A. 2015 Mar 10;112(10):3062-7. doi: 10.1073/pnas.1418144112.
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