O tema proposto para o Dia da Imunologia em 2014 é Vacinação. A escolha se deve às recentes campanhas que difundem de forma fantasiosa e distorcida dados sobre insegurança das vacinas.
Recentemente repercutiu bem na mídia o esforço brasileiro para obtenção de uma vacina contra o HIV (o que levou a menção da Presidenta Dilma aqui; veja também a repercussão na mídia brasileira aqui e aqui e internacional aqui, o que levou Edecio a ser incluído na lista dos 100 mais influentes da revista Época aqui).
Além dos trabalhos que capturam a atenção do grande público, como anda a produção científica brasileira em vacinação? Fiz um levantamento no Web of Sciences dos artigos publicados no quinquênio 2009 a 2013 e não estamos mal.
Usei os filtros indicados abaixo:
que resultaram em 2.272 artigos no período.
Temos publicado cerca de 500 artigos/ano sobre vacinação (de forma ampla, devo mencionar) de 2011 a 2013. Os 2.272 artigos foram citados mais de 12.000 vezes (até 21/04/2014), o que não é pouco ao considerar que os artigos de 2013 tiveram pouco tempo para citação.
E como anda a nossa produção em imunologia em todos os campos? O levantamento feito no Scimago mostra que estamos com um número crescente de publicação e temos mantido certa competitividade com os outros países do BRIK (notem que não é o BRIC, pois substitui a China pela Coréia do Sul).
Nota: O ano de 2012 é o último disponível no site do Scimago.
É de se notar, porém, que a liderança do Brasil neste grupo não deve perdurar, considerada a inflexão da curva de produção coreana.
Em relação ao fator de impacto, também estamos bem no grupo:
E se compararmos com alguns Ss europeus?
Nota: Por que Espanha, Suécia e Suiça? Porque a Espanha tem crescido na área de imuno e os dois outros têm tradição no tema.
A situação do número de publicações é otimista, saímos da última posição (e bem abaixo dos demais) em 1996 e estamos em segundo lugar com uma vigorosa curva de crescimento em 2012 .
A situação fica pior ao analisar o Índice H:
Quer se deprimir?
Veja o quadro abaixo:
Melhor não deprimir nem relaxar e sim trabalhar mais duro ainda.
Prezado Barral,
ResponderExcluirAprecio sua menção pelo dia da Imunologia e mais ainda pelo fato de ser sobre vacina. Me surpreendeu o número crescente de citações. Uma análise detalhada mostrou, entretanto, que os números apresentados de trabalhos são reais, mas os de citações são distorcidos. O grande número de citações nos últimos anos pode ser atribuído na sua maioria a trabalhos multicentricos da vacina para o HPV no qual os brasileiros participam perifericamente. Há outros exemplos também de estudos multicentro em outras áreas de vacinas. No geral a pesquisa em vacinas no Brasil é pequena e incipiente, sendo desprezada até pelos próprios imunologistas que raramente fazem algo sobre o tema no congresso anual.
Abraços,
Mauricio M. Rodrigues.
Caro Mauricio,
ExcluirÉ verdade que poderíamos ter uma atuação muito mais importante em vacinas.
Abraço,
Barral