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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O bom e o mau e o feio - Células TFH na saúde humana e doenças

Levou-se meio século para a identificação de um subtipo de células T responsável por mediar respostas das células B, porém na última década, avanços importantes levou-nos a conhecer a função e a regulação das células TFH (T helper folicullar cells). Hoje podemos apreciar como essas células estão envolvidas na produção de anticorpos, um evento importante do sistema imune, uma vez que neutralizam e eliminam patógenos.  Tal imunidade humoral tem grande longevidade, muitas vezes persiste por toda a vida do hospedeiro e depende da ajuda fornecida por células T CD4+, especificamente células TFH, que induzem a diferenciação das células B em células de memória e plasmócitos. Um dos subtipos de TFH, a TFH circulante (TFHc) é vista hoje com crescente interesse na sua identidade como biomarcador na vacinação bem sucedida. Várias publicações relatam os resultados da vacinação contra a gripe durante a epidemia de H1N1 de 2009. Indução bem sucedida de IgG específico coincide com aumentos significativos de IL-21 e TFHc além de células T e B de memória. A quantificação da frequência de células TFHc é um indicador confiável do sucesso da vacina e da resposta induzida. Assim, se entendermos porque alguns indivíduos não desenvolvem respostas protetoras mediadas por TFH quando imunizados poderemos trabalhar no sentido de desenvolver eficientes estratégias vacinais, com o intuito de beneficiar também indivíduos com imunidade humoral comprometida.
Todavia a função dessas células TFH precisa ser rigorosamente regulada, já que sua atividade, quando excessiva, induz imunopatologias como a auto-imunidade, imunodeficiências e linfomas. Embora a natureza exata da função de TFHc em humanos ainda não esteja bem determinada, a investigação dessas células em diferentes contextos, forneceu informações importantes nas suas funções potenciais durante resposta imune em condições fisiológicas e em imunopatologias. Bons exemplos dessa correlação é que em doenças autoimunes como Lúpus Eritematoso Sistêmico, Síndrome de Sjogren, Artrite Reumatoide, Dermatomiosite Juvenil e Doenças Autoimunes da Tireoide a frequência de TFHc (CD4+CXCR5+ICOS+PD-1+) encontra-se elevada. Ao passo que em imunodeficiências como Imunodeficiência Variável Comum, com mutação em ICOS e CD19, Doença Linfoproliferativa Ligada ao X, com mutação na molécula SAP e Sindrome de Hiper Produção de IgM ligada ao X, com mutação em CD40L, revela-nos a relação entre TFH e essas patologias.  Mais recentemente descrito, o linfoma, especificamente o Linfoma de Célula T Periférica, se correlaciona com a hiperfunção de TFH, pela expressão alta de PD-1, CXCL13 e IL-21.
O bom de tudo isso é que há muita rapidez na exploração dos receptores, citocinas, quimiocinas e mecanismos relacionados às células TFH e esperamos não precisar de mais 50 anos para que terapias com essas células estejam disponíveis para melhorar a saúde humana.


Ref: Tangye SG, Ma CS, Brink RDeenick EK. The good, the bad and the ugly -TFH cells in human health and disease. Nat Rev Immunol. 2013 Jun;13(6):412-26. doi: 10.1038/nri3447. Epub 2013 May 17.

Post de Maria Marta Figueiredo, pós-doutoranda do Laboratório de Imunopatologia, Fiocruz-MG.

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