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domingo, 27 de outubro de 2013

JOURNAL CLUB IBA: VENENO DE ABELHA ATIVA INFLAMASSOMA DE NLRP3



Aranhas, abelhas, cobras e escorpiões injetam nas vítimas um coquetel tóxico de proteínas que causam uma resposta inflamatória aguda, com dor, inchaço, vermelhidão e dano tecidual grave Müller UR. O mecanismo exato pelo qual o sistema imune inato detecta e responde aos venenos é pouco conhecido. Entretanto, um estudo desenvolvido por Noah Palm e Ruslan Medzhitov demonstra o papel do Inflamasoma na resposta contra essas substâncias. Pelo fato de diversos venenos conterem componentes formadores de poros e já que o inflamassoma pode ser ativado em resposta a formação de poros na membrana e consequente efluxo de potássio (como acontece com algumas toxinas bacterianas Mariathasan S, et al.), os autores hitotetizaram que os venenos poderiam ser detectados pelo inflamassoma e ativar a resposta imune.
A hipótese era verdadeira e o trabalho mostrou que o veneno de abelha é detectado pelo inflamassoma denominado NLRP3, levando a ativação de caspase-1 e subsequente secreção da citocina pró-inflamatória IL-1β por macrófagos in vitro. Dentre os componentes do veneno de abelha, foi demonstrado que a Melitina é a principal envolvida na ativação do NLRP3. Ainda, enquanto in vivo, a ativação do inflamassoma pelo veneno da abelha induziu uma resposta inflamatória dependente de caspase-1, caracterizada pelo recrutamento de neutrófilos no sítio de inoculação do veneno, o inflamasoma foi dispensável para a resposta alérgica mediada por IgE.
O trabalho também demonstrou que camundongos deficientes de caspase-1 foram mais suscetíveis aos efeitos nocivos do veneno, sugerindo que respostas imune dependentes de caspase-1 protegem contra os efeitos deletérios causados pelo veneno. Durante as investigações sobre quais células e mecanismos envolvidos na proteção dos efeitos nocivos do veneno, de maneira dependente de caspase-1, ficou difícil chegar a uma conclusão final, sendo necessário maiores investigações, mas parece que o Mastócito tem um papel fundamental na detoxificação, uma vez que seus grânulos são importantes para degradar e inativar os componentes do veneno.


Fig. 1. Veneno de abelha induz respostas imune dependentes e independentes de caspase-1. A ativação de caspase-1 pelo veneno de abelha leva ao recrutamento de neutrófilos para o sítio de inoculação do veneno. A caspase-1 também é necessária para a proteção contra os efeitos nocivos do veneno, incluindo hipotermia induzida pelo veneno e lesão tecidual. Esta proteção é provavelmente mediada pelos mastócitos, que degranulam e diretamente detoxificam e neutralizam componentes do veneno. Em contraste ao recrutamento de neutrófilos e proteção aos efeitos do nocivos, a resposta alérgica (IgE) ao veneno foi independente de caspase-1, e deve requerer sinais alternativos do sistema imune inato.

  Post de Naiara Dejani e Micássio Andrade (FMRP-USP/IBA). 

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