Parabéns a todos professores !
Sinto-me feliz
em poder usar o nosso Blog para refletir o papel do professor no curso
superior.
A verdade é que não existe professor perfeito, somos
apenas parte de um sonho inacabado. Outro dia, quase sem querer, acabei ouvindo
a coversa entre dois imunologistas cariocas, um deles trabalha em São Paulo. Foi
engraçado, pois o do Rio dizia que não conseguia mais dar aulas na graduação e
que atualmente é impossível explicar o linfócito T CD4+ para as turmas. Posso
afirmar que as aulas deles são ótimas. Com certeza, muitos outros professores
também enfrentam o mesmo problema e conversas como aquela se repetem em muitos
departamentos das universidades brasileiras.
As variáveis
para alcançarmos o professor ideal são inúmeras e modificam-se drasticamente entre
uma geração e outra de estudantes, que sempre exigirá um aperfeiçoamento.
Quando alguém entra na carreira universitária encontra, desde o mestrado,
passando pela livre-docência e concursos para titular, desafios à sua capacidade
de ensinar e de comunicação. Portanto, é pouco provável que alguém consiga
fazer pesquisa em uma universidade pública sem exercer atividades de ensino.
Há um problema
sério no desenvolvimento da carreira de professor no curso superior: toda
avaliação é quase sempre feita quantitativamente para a atividade de ensino e
qualitativamente para a atividade de pesquisa. À vista disso, existe uma
preocupação maior do professor com a atividade de pesquisa do que com a
atividade de ensino. Isso é preocupante,
mas não dá para ser diferente, sabendo que o elemento essencial da avaliação
docente será o Currículo Lattes. Precisamos ver se estão corretos os métodos
que temos utilizado para avaliação de professores em sua relação com o ensino e
pesquisa.
De volta para
a conversa dos dois imunologistas citados anteriormente, a nova realidade
encontrada nas salas de aulas exige do professor uma superação que envolve
competências como sólida formação teórica e prática, extraordinária energia
dedicada à atualização, interpretação dos fatos e carisma durante o
enfrentamento de conflitos. A sociedade brasileira poderia ajudar, valorizando
o saber e por tabela os professores.
Como qualquer
coisa, frequentemente – e previsivelmente – se encerra ao fim de um período
dourado, devido às forças adversas do novo e necessidade de “auto-reinvenção”,
o constante desafio de se colocar para o aluno de forma nova e atraente. Há
várias maneiras de fazer isso:
·
Aperfeiçoe seu carro-chefe (preparo de aulas e
seminários, linhas de pesquisa, leitura de artigos científicos, etc), como o
Windows da Microsoft;
·
Cheque lá
através da inovação, como um professor tipo Sony;
·
Mantenha uma vantagem através da tecnologia,
como a Gillete ou a Intel (nunca é tarde para aprender novas técnicas imunológicas);
·
A Toyota e a Nissan queriam crescer entrando no mercado de carros
de luxo, mas não tinham certeza da adequação de suas marcas. Criaram o Lexus e
Infinit com esse objetivo. Eis aí uma re-invensão para você, já fui chamado de
professor Gancho (referência ao capitão de um navio), hoje sou um receptor
qualquer para uma citocina, hormônio ou uma IgE, por exemplo;
·
Idolatre o deus da qualidade (para dar aulas e
fazer experimentos) e você poderá esticar seu período dourado mais e mais. Veja
o exemplo da Harley Davidson, Motorola e da Perua Kombi;
·
Quando
você não pode mudar seu produto (aulas/resultados de pesquisas) – como a
Coca-Cola – assegure-se que seu marketing convence seus alunos de que sua
marca, embora inalterada, ainda é relevante para suas vidas em mutação (alguém
precisa contar as estrelas);
·
Talvez você precise só de acréscimos - como CNN, depois CNN Headline News, depois
CNN International;
É preciso
autodesafio e reinvenções constantes. Embora nem tudo funcione da primeira vez.
Um amigo que está
em NY me disse outro dia – você pode se voltar ao amor esquecido, talvez ao
primeiro amor, que ideia ótima, estou brincando de novo com o sistema de
mucosas.
Preciso ir agora, hoje é o meu dia e recebi
pelo correio (voltou a funcionar) a última edição do “Fundamental Immunology do
Willian E. Paul”!
Referências:
1-
A Universidade (Im)possível – Jacques
Marcovitch. Sâo Paulo. Futura. 1998.
2-
Esta (in)decisão é definitiva – Barry Gibbons.
São Paulo. Nobel. 1997.
Phileno Pinge Filho - Universidade Estadual de Londrina
Excelente post, professor Phileno!
ResponderExcluirEssas analogias representam muito bem o cotidiano de professor-pesquisador, mas também precisamos aplicá-las a todas as nossas tarefas... a plasticidade garante a adaptação e consequentemente, a evolução!
Mesmo com pouquíssima experiência didática, ja me pergunto como estão e como estarão as aulas em um futuro próximo, onde os alunos já tem ou já terão seus tablets e smartphones com livre acesso à internet, e consequentemente, facebook e outras distrações "mais interessantes"...
Como fazer para garantir que a tecnologia disponível seja bem aproveitada enquanto estivermos ensinando sobre células futuróides apresentando antígenos para linfócitos Th99?
Bom, Feliz dia do Professor a todos!
Adorei seu post, Phileno... E aproveitando o momento, quero desejar um feliz dia do professor a todos... Porém, já que estamos "brincando" de analogias, meu feliz dia do professor vai especialmente pra você... Nas suas aulas, assim como a LEGO, você foi construindo, peça por peça, a imunologia para sua platéia estudantil. E dessa "brincadeira" toda, me apaixonei pela disciplina e resolvi seguir adiante com a imunologia... E como diriam por essas terras, merci beaucoup!!!
ResponderExcluirOi Gustavo, oi Fabrine, obrigado pelas palavras carinhosas de vocês, gostei do Th99 e do Lego.
ResponderExcluirGrande beijo para vocês. Eu estou bastante preocupado, a situação dos alunos sem aula no Rio de Janeiro por exemplo, os baixos salários dos professores e a intransigência dos governantes são os desafios atuais. Espero dias melhores para a educação.