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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Biologia de sistemas: Desenvolvendo a "tabela periódica das funções celulares".

Conceito de uma tabela periódica para redes biológicas de regulação. Paralelo entre os elementos químicos que compõem a tabela periódica, e os processos biológicos que compõem sistemas complexos.

Esse assunto de coisas pós- ômicas está elevando o nível da ambição do homem por entender os processos fisiológicos de uma maneira fascinante. Mas ao mesmo tempo está deixando ver que cada vez temos menos claro quais são os mecanismos que governam as funções básicas da célula (imagina então se falarmos em patogênese, em fisiologia de tecidos, sistemas, organismos, biotas, etc).

Vou comentar um artigo que encontrei um pouco filosófico na realidade, pelo fato de que não sou experto em biologia de sistemas. Porém, gostei do trabalho porque acredito que ajuda a desenvolver uma visão mais ampla das coisas. Aliás, tem três revisões sobre biologia de sistemas na Cell de 24 de Janeiro, que vale a pena olhar. Particularmente vou comentar o paper, de Lim, WA (University of California) e cols, na Cell.

O ponto central deste paper é propor a criação de uma “tabela periódica das redes (processos) de regulação das funções celulares” hipotética, de forma análoga à tabela periódica dos elementos. Os autores discorrem sobre a utilidade de tal classificação, bem como das possíveis abordagens para a descoberta das relações entre diferentes processos celulares e seus mecanismos reguladores. Finalmente propõem classificar as redes de regulação, com base na sua arquitetura e função. Uma proposta audaciosa.

Partindo do princípio de que os seres vivos acabam por desenvolver determinadas funções para resolver determinados problemas aos que se enfrentam, e que muitas vezes, as soluções para desenvolver tais funções biológicas coincidem entre diferentes espécies (desde o nível macro até o nível molecular), os autores discutem que a criação de uma espécie de “catálogo” de interações de redes de processos, seria pelo menos teoricamente factível. Ai que entra a era do “tudo em um”, que permite analisar, por exemplo, a relação entre fatores de transcrição e seus alvos downstream.

Vários modelos matemáticos, baseados em algoritmos genéticos e outros mais complexos, têm sido usados principalmente em microrganismos, para descoberta de redes reguladoras de fatores de transcrição, por exemplo. Partindo do conceito de um “conjunto de ferramentas (processos) básicas” que satisfaze os requerimentos elementares do organismo (respiração, metabolismo, resposta imune, etc.), seria possível ir decifrando essas redes de interação, baseando-se na descoberta de como cada processo é regulado, e como eles interagem. Da mesma forma em que no passado, trás inúmeras observações e postulados teóricos e discussões desde a física e a química, chegou-se à criação do catálogo de elementos que compõem a natureza, numa tabela que descreve suas propriedades mais relevantes. Simplista? Complicado? Esotérico?

Se ainda continua lendo, falei que o artigo era um pouco abstrato. Com tanta plasticidade, regulação, subtipos de células, e receptores com funções redundantes que vemos no sistema imunitário, o panorama é desafiante. De qualquer forma a imunologia está assistindo à descrição de processos reguladores que poderiam encaixar como elementos nessa tabela periódica hipotética  1,2,3

Veja um post relacionadocomentando uma aplicação da imunologia de sistemas em malária.

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