Aquela
velha e conhecida expressão "o que não mata, engorda" ganha uma
reformulação com o estudo de Maizels et
al. Este questiona que ao mesmo
tempo em que tomamos medidas profiláticas de higiene contra certos parasitas,
aumentamos a nossa suscetibilidade a obesidade.
Segundo
o estudo, observa-se uma relação entre eosinófilos, vermes, tecido adiposo e
macrófagos. Em pessoas magras, encontram-se poucos macrófagos por grama de
gordura corporal, os quais estão no estado "M2" (em inglês, an “alternatively activated” or “M2” state -AAMs) (2).
Esse estado é induzido pela interleucina-4 (IL-4) ou IL-13, citocinas
produzidas em indivíduos com alergia e infecções por helmintos (vermes) (3). Nas infecções por helmintos a presença de
eosinófilos e células T regulatórias nos tecidos aumentam a ativação dos AAMs. O
sinal emitido por essas citocinas são gerados em receptor nuclear hormonal –
PPARgama, que quando ativado, inibe a expressão de genes que promovem a
inflamação. Nesse estado de equilíbrio há liberação de adiponectina e a
proteção contra resistência a insulina (5,6).
Em indivíduos obesos observa-se no tecido adiposo macrófagos
em estado "M1", conhecido como CAM (em inglês, classically activated macrophages). Este outro estado é caracterizado por produzir TNF-alfa.
Na falta
de eosinófilos no tecido adiposo, os linfócitos T produzem fator de necrose
tumoral (TNF-alfa) e IL-6, responsáveis por promover o desenvolvimento destes
macrófagos em estado "M1". Estas citocinas são
pró-inflamatórias e além de seus efeitos sobre células do sistema imune, afetam
o metabolismo. Há liberação de resistina e predisposição à síndrome metabólica,
com diminuição da sensibilidade à insulina e diabetes (1,4 - 7).
Desta
forma, infecções por helmintos, que aumentam o número de eosinófilos no tecido
adiposo, e através das citocinas IL-4 e IL-13 estimulam AAMS (M2) e diminuem a
ativação de CAM (M1) (3), poderiam reverter quadros inflamatórios e restaurar a
glicemia.
Então,
podemos questionar: Será que o aumento da incidência de obesidade e diabetes
estariam relacionadas com a diminuição da incidência de vermes? Afinal, quem
nunca pegou um chocolate do chão, colocou na boca e utilizou a expressão “O que
não mata engorda”. Agora podemos dizer “O que não mata, também não engord
Texto realizado, sob a orientação dos
professores Tatiana Moura, Roque Almeida e Amelia de Jesus, pelos graduandos em Medicina na Universidade
Federal de Sergipe: Dulcilene Azevedo, Jordânio Pires, Jéssica Marques,
Maria Augusta Trindade, Nathalie Serejo e Raquel Mazzotti.
Referências
bibliográficas
1.
MAIZELS, R. M.;
ALLEN, J. E. Eosinophils forestall obesity. Science.
v. 332, p. 186-187, 2011.
2. C.N.Lumengetal., J. Clin.Invest. 117,175 (2007).
3.
S.J.Jenkins,
J.E.Allen, J.Biomed. Biotechnol. 2010,1 (2010).
4.
G.S.Hotamisligil,
Nature 444,860(2006).
5.
J.I.Odegaardetal.,
Nature 447, 1116 (2007).
macrófagos M1 e M2, eosinófilos, obesidade, diabetes
Parabéns!!!
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