A inflamação continua a estender os seus mecanismos a áreas pouco prováveis. Um artigo recentemente publicado na Nature Genetics “Common genetic variation in the HLA region is associated with late-onset sporadic Parkinson's disease” (doi:10.1038/ng.642) amplia os achados anteriores ao mostrar o envolvimento do HLA na Doença de Parkinson e mostra que áreas envolvidas na resposta inflamatória se relacionam com o Parkinson de instalação tardia.
A Doença de Parkinson se caracteriza por um comprometimento progressivo do movimento devido a disfunção dos neuronios secretores de dopamina. A Doença afeta os núcleos da base que controlam a transmissão dos comandos conscientes e motores do córtex cerebral para os músculos e leva a disfunções cognitiva e motora.
A Doença de Parkinson de instalação precoce já foi associada com mutações em diversos gens. Contudo a Doença de instalação tardia era considerada como influenciada por fatores ambientais e com susceptibilidade genética, mas sem um componente genético conhecido.
É interessante salientar que o risco de desenvolvimento da Doença de Parkinson tem uma associação inversa com o tabagismo, o uso de café -com cafeína e com o uso de anti-inflamatórios não-esteroidais.
O estudo envolveu a realização de uma associação genome-wide de 2.000 pacientes com Doença de Parkinson e de 1.986 controles e 811.597 SNPs totais. Os resultados confirmaram algumas associações já mostradas anteriormente e identificaram uma associação nova com o HLA. Esta associação foi uniforme em todos os estratos de risco e genéticos estudados e foi mais forte em rs3129882, uma variante não codificante no HLA-DRA. Dois estudos anteriores já haviam sugerido que rs3129882 influencia a expressão de HLA-DR e HLA-DQ. Além disto, já foi também demonstrado que o cérebro de indivíduos com Parkinson têm aumento da expressão de antígenos DR e mostram micróglia reaiva a DR. Tudo isto reforça que a associação com o HLA dá suporte ao envolvimento do sistema imune na Doença de Parkinson.
“We uncovered a new genetic association with Parkinson's disease in the HLA region (chromosome 6p21.3), which we designated PARK18. The variant most strongly associated with disease was rs3129882 in intron 1 of HLA-DRA. This association was genome-wide significant even after adjusting for the four covariates (sex, age, PC1 and PC2; P = 2.9 × 10−8;...). One hundred and seven HLA SNPs reached P < 10−3 for association with Parkinson's disease. We replicated the association of rs3129882 in two independent datasets (meta-analysis odds ratio (OR) = 1.26, meta-analysis P = 1.9 × 10−10;). The risk allele was the same in all datasets and was in Hardy-Weinberg equilibrium (HWE) in cases and in controls, which, in addition to the visual inspection of intensity plots, supports our belief that there were no major problems with our genotyping. Stratified analysis by family history, age at disease onset, gender and environmental exposures revealed ubiquitous associations across strata, and tests of heterogeneity across strata were not significant.”
A ilustração acima do texto é uma figura do artigo discutido, a ilustração adicional é um esquema dos mecanismos da Doença de Parkinson.
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