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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Assinatura transcricional na tuberculose


Post de Evelin Oliveira
Estima-se que cerca de um terço da população mundial esteja infectada com o bacilo da tuberculose (TB). Para 90% dos indivíduos não haverá evolução do estágio de infecção para a doença, e uma das grandes dificuldades no controle da TB está em prever a transição deste estágio latente para a forma ativa, única capaz de transmitir a micobactéria para novos hospedeiros.
Na tentativa de identificar precocemente a evolução da TB latente para forma ativa da doença, Matthew Berry e  colaboradores avaliaram o perfil transcricional a partir do sangue de pacientes com tuberculose ativa (antes do tratamento), indivíduos com TB latente e controles sadios. Foram identificadas 393 assinaturas transcricionais em pacientes com TB ativa as quais indicam que os genes expressos estão relacionados a uma resposta inflamatória. Cerca de 10-25% dos perfis transcricionais de pacientes com TB latente foram agrupados com os de pacientes com TB ativa, sugerindo que há um risco potencial da progressão da tuberculose latente sub-clínica para doença ativa. Este tipo de estudo pode auxiliar no diagnóstico precoce de uma possível re-ativação dos indivíduos com TB latente evitando a forma ativa da doença.
Os 393 genes expressos que compõem a assinatura da TB ativa também são observados em outras doenças, já que são preditivos de resposta inflamatória. Após o tratamento contra tuberculose nos pacientes com doença ativa houve diminuição da expressão de 86 genes, os quais foram correlacionados a uma resposta anti-micobacteriana quando comparada às outras infecções. 
Segundo o trabalho, a assinatura transcricional também pode ser usada para monitorar a eficácia do tratamento, já que nos pacientes com TB ativa após dois meses de terapia houve diminuição da expressão dos genes e após um ano os genes relacionados a resposta inflamatória não foram mais expressos. Isto reflete a resposta do hospedeiro à infecção pelo M.tuberculosis.
Para avaliar o conjunto de genes que são coordenadamente expressos em diferentes doenças, o grupo de Berry definiu módulos específicos que identificaram componentes funcionais da resposta do hospedeiro durante a tuberculose ativa. Um dos resultados mostrou que o aumento de genes responsáveis pela transcrição do IFN de pacientes com TB ativa correlaciona com severidade da doença. 
A busca de genes que servem como assinatura de gravidade da doença ou indicativo de re-ativação pode nos levar a melhorias tanto no tratamento quanto no diagnóstico precoce da tuberculose.


Berry MP, Graham CM, McNab FW, Xu Z, Bloch SA, Oni T, Wilkinson KA, Banchereau R, Skinner J, Wilkinson RJ, Quinn C, Blankenship D, Dhawan R, Cush JJ, Mejias A, Ramilo O, Kon OM, Pascual V, Banchereau J, Chaussabel D, & O'Garra A (2010). An interferon-inducible neutrophil-driven blood transcriptional signature in human tuberculosis. Nature, 466 (7309), 973-7 PMID: 20725040

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4 comentários:

  1. Trata-se de um estudo interessante, que merece um link aqui no site. Barral, poderia passar a referencia pros leitores!
    Abc

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  2. Gostaria de saber as bases das estimativas para a afirmação de que cerca de 2 bilhões de pessoas (1 terço da população) no mundo estão infectadas com tuberculose. Grato por esclarecer, Joao Paulo

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  3. Olá João Paulo,

    Essa estimativa é feita a partir do número de casos computados da doença, por modelagem matemática. Para detalhes veja os relatórios "Global Tuberculosis Control" da Organização Mundial de Saúde (http://www.who.int/tb/publications/global_report/en/index.htm)

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