Ao longo dos anos, vários mecanismos de ação para as células Treg Foxp3+ foram propostos, como o consumo de IL-2 que limitaria a resposta efetora de células T, mecanismos contato dependentes como a troca de cAMP entre células Treg e efetoras (Bopp et al., 2007), outros dependentes da liberação de citocinas como TGF-β, IL-10 e, mais recentemente, IL-35 (Collison et al., 2007) e, ainda, associados à expressão de moléculas de superfície como CTLA-4 que reduz a expressão de moléculas coestimuladoras em células dendríticas. Apesar de todos esses mecanismos e diversos não citados, uma grande pergunta que ficava era: As Tregs possuem um mecanismo geral de supressão da resposta imune ou elas atuam de forma específica em diferentes contextos inflamatórios? E se for específica, como as Tregs podem discriminar cada contexto e atuar efetivamente?
Recentemente, alguns trabalhos vêm trazendo uma luz para clarear essas perguntas. Em trabalho publicado na Science por Chaudhry e colaboradores, no final de 2009 (Chaudhry et al., 2009), foi mostrado que em camundongos onde as Tregs foram submetidas à perda específica do fator de transcrição, STAT3, importante no desenvolvimento de células Th17 patogênicas, houve um desenvolvimento exacerbado somente de células Th17, com uma maior produção de IL-17 e IL-22, culminando no desenvolvimento de IBD (inflammatory bowel disease). Enquanto isso, a produção de citocinas associadas com os fenótipos Th1 e Th2 permaneceu inalterada. Outra observação interessante foi que as Tregs sem STAT3 perderam a capacidade de expressar CCR6, importante receptor para a migração de células Th17 para sítios inflamatórios.
Todos esses dados indicam que as Tregs para exercer seu papel supressor precisam expressar o fator de transcrição da célula efetora que vai ser suprimida. Outros trabalhos mostraram situações similares no controle de respostas Th1 e Th2, onde a expressão dos fatores de transcrição T-bet e IRF4 foi requerida para a supressão dessas respostas, respectivamente
Perguntas em aberto
Frente a esses achados podemos levantar algumas questões:
Como a expressão de fatores de transcrição de células efetoras contribui para o controle específico das respostas inflamatórias?
Será que a expressão desses fatores leva as Tregs a se “fingir” de células efetoras, expressando os mesmos receptores para citocinas e quimiocinas, tornando-se assim, competidoras pelos sinais inflamatórios, o que levaria ao controle da ativação de novas células efetoras?
Por Hernandez Moura Silva (Doutorando)
Programa de Alergia e Imunopatologia - FMUSP
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