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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Mark Davis e a Imunologia Humana




Recentemente fui a uma palestra do imunologista Mark Davis, da universidade de Stanford, California no Memorial Sloan Kettering em Nova York. Davis ficou conhecido por ter clonado o gene do receptor de células T, e fez várias contribuições importantes na área da biofísica da sinalização pelo TCR, amaioria das quais veio de estudos com camundongos. Portanto, fiquei surpreso quando, ao invés de restringir-se a estudos animais, Davis dedicou grande parte da palestra à imunologia humana e a como esse deveria passar a ser o enfoque da imunologia em um futuro próximo. Dando tom à palestra, Davis começou com a frase: “To the mice in the audience, I have good news”. Alguns dos principais tópicos levantados por Davis, que parece estar embarcando numa cruzada rumo à humanização da imuno:
- Apesar do grande sucesso no entendimento dos principais mecanismos pelos quais o sistema imune opera, a imunologia, centrada no modelo do camundongo, ainda está devendo muito em termos de intervenções terapêuticas em humanos;
- Estamos investigando um sistema regulado por polimorfismos e interações com microorganismos em animais geneticamente idênticos e cada vez mais limpos;
- A maioria dos modelos animais de doenças só são considerados modelos por conveniência (porque os cientistas querem que estes sejam modelos);
- O sistema imune é um dos poucos sistemas do organismo que não tem niveis de referência de “normalidade” – podemos perguntar a um médico como anda nosso colesterol ou nossa função renal e hepática, mas ainda não temos bons parametros para avaliar o estado do nosso sistema imune;
- Por outro lado, a imunologia é uma das poucas áreas em “experimentos” com humanos (vacinação) são rotina. Apesar disso, raramente analisamos os resultados desses “experimentos” de forma sistemática;
- E, finalmente, enquanto áreas como a genética se beneficiaram enormemente de projetos de grande escala (como o genoma humano) na transição de organismos modelo para o estudo de humanos, tais projetos não existem na imunologia, que continua sendo feita por laboratórios individuais.
Essa discussão serviu como introdução para o projeto de imunologia humana que Davis está desenvolvendo em colaboração com diversos laboratórios espalhados pelos EUA. Esse projeto visa investigar exaustivamente um grande número de amostras de sangue humano em várias condições fisiológicas ou patológicas (como por exemplo, antes e depois da vacinação contra a gripe), usando diferentes abordagens, desde as mais comuns, como medição de respostas de anticorpos e de citocinas no soro, até técnicas mais avançadas como microarray de expressão gênica em leucócitos, sequenciamento do repertório de TCR e BCR e single-cell PCR para expressão gênica combinatória em células únicas.
E vocês o que acham? Estamos prontos para deixar de lado os camundongos e embarcar na imunologia humana? Comentem, queremos saber a sua opinião!

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Um comentário:

  1. Mark Davis está mesmo em campanha pela humanização da imunologia. Há um artigo recente sobre isto na Science:
    Immunology Uncaged (doi: 10.1126/science.327.5973.1573)

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