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domingo, 2 de março de 2014

O papel anti-inflamatório da IL-9 e das células linfoides inatas do tipo 2 em inflamação pulmonar causada por helminto



A IL-9 foi descoberta a mais de 20 anos e seu papel estava relacionado com a sobrevivência de células, principalmente de linfócitos. Acreditava-se que a principal fonte dessa citocina eram as células Th2, uma vez que elas estavam associadas a resposta de perfil Th2, que desempenham um importante papel durante a inflamação aérea e infecção helmíntica. Contudo, esse paradigma Th2/IL-9 foi desafiado com a descoberta das células Th9. A geração de camundongos reporter específico para IL-9 permitiu o estudo de células produtoras dessa citocina e revelou que em modelo de inflamação pulmonar as células linfoides inatas (ILCs - do inglês, innate lymphoid cells) são as principais células produtoras dessa citocina. Apesar da resposta das ILCs no intestino em modelo de infecção por helminto estar bem estabelecido, o papel dessas células no pulmão frente a esse tipo de patógeno ainda não está claro. Além disso, a função da expressão do receptor de IL-9 (IL9-R), característico dessas células, ainda não foi demonstrado.
Portanto, Turner e colaboradores (Turner et al., 2013), em um trabalho publicado no JEM, mostrou que em um modelo de inflamação pulmonar por Nippostongylus brasiliensis, há um aumento no número de ILCs produtoras de IL-9. Esse aumento é dependente de IL-9, pois camundongos deficiente nesse receptor tem uma diminuição na quantidade dessas células. Além disso, o grupo caracterizou essas células como ILCs do tipo 2 (ILC2s) através da produção de IL-5 e IL-13, de marcadores extracelulares CD25, IL-7Rα e IL-33R, e dos fatores de transcrição Rora (retinod acid receptor-related orphan receptor α) e Gata3. A ausência do receptor de IL-9 (IL9-R) promoveu dano pulmonar, além de comprometer o funcionamento do órgão. O mesmo fenômeno foi observado quando as ILC2s foram depletadas, indicando que essas células e o estímulo gerado pela IL-9 é importante para o processo de reparo do dano causado pelo helminto. Além disso, foi mostrado que essa sinalização regula a produção de IL-5 e IL-13, citocinas responsáveis pelo recrutamento de eosinófilos e pela polarização de macrófagos M2, respectivamente. A diminuição dessas duas citocinas junto com o menor número de eosinófilos e a menor expressão de marcadores de M2 sugere uma contribuição dessas células no maior reparo tecidual. A maior expressão de amphiregulina, um proteína da família de fatores de crescimento epidermal, também pode estar atuando nesse mecanismo de reparo.
De forma contraditória, a publicação de Steenwickel e colaboradores (Steenwickel et al., 2007), onde camundongos transgênicos com over-expressão de IL-9 têm inflamação aérea espontânea, dados observados no trabalho de Turner mostraram o papel da IL-9 como uma citocina com função mais anti-inflamatória, envolvida em mecanismos de reparo ao dano.

Post de Alexandre Ignácio de Souza (Mestrando FMRP/IBA)

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