A ativação de
macrófagos para o controle de microrganismos foi demonstrada inicialmente em
trabalhos dos anos de 1960-70. Nos anos seguintes, fatores solúveis produzidos
por linfócitos T e células NK foram descritos como cruciais para esta ativação.
Com a geração do paradigma Th1/Th2, foi sugerido que as citocinas produzidas
por linfócitos Th1, particularmente o IFNg,
seriam cruciais para a ativação de macrófagos. Por outro lado, citocinas Th2
poderiam desativar estas células. A ideia de que a ação das citocinas de
linfócitos Th2 atuassem em macrófagos promovendo apenas a inativação celular
não se sustentou e em 1992 o grupo do Dr. S. Gordon sugeriu o termo de ativação
alternativa para os macrófagos ativados por citocinas de linfócitos Th2 (particularmente
a IL-4). Devido à associação dos macrófagos alternativamente ativados (AAMo) com
citocinas Th2, o termo M2 foi utilizado como sinônimo para estes macrófagos. Porém,
outros fatores além das citocinas IL-4 e IL-13 também podem ativar macrófagos e
gerar diferentes perfis celulares. Isto fez com que novas classificações, como M2/M2a,
M2b e M2c, fossem incorporadas às diferentes populações geradas. A
classificação M1/M2 tem sido questionada por alguns pesquisadores e por isto o
grupo do Dr. D. Moser sugere o termo de macrófagos reguladores diferenciando
dos AAMo e dos macrófagos classicamente ativados (aqueles ativados por IFNg, por exemplo).
Diante desta diversidade
nos subtipos de AAMo vários marcadores foram associados à essas células. Alguns
destes marcadores são bem característicos de macrófagos de camundongos
estimulados por IL-4 como FIZZ-1, YM-1 e arginase-1. Um grande problema dos
marcadores de AAMo/M2a é que eles não são expressos ou induzidos em macrófagos
humanos. No início de 2013 um grupo envolvendo pesquisadores como S. Gordon, A.
Montovani e outros publicaram na revista Blood uma nova tentativa para
caracterizar AAMo humanos. Os autores utilizaram diferentes populações de
macrófagos humanos e de camundongos e avaliaram a expressão de mRNA e síntese
protéica destas células por microarray e análise proteômica. Primeiramente,
eles tentaram selecionar as principais “assinaturas” de macrófagos. Embora
alguns marcadores clássicos de macrófagos, como CD68 tenha ficado fora desta
assinatura, a maioria dos genes/proteínas já eram descritas como expressas por
macrófagos. Após o tratamento dos diferentes macrófagos com IL-4 , observou-se
que 35 genes e 65 proteínas foram alterados nas diversas populações de macrófagos
humanos e de camundongos, sendo que 18 deles já haviam sido descritos em publicações
com AAMo. Entretanto, transglutaminase 2 (TGM2) foi o único marcador que
mostrou uma regulação positiva tanto para RNA quanto para proteína em todas as
populações de macrófagos estimulados por IL-4. Como a TGM2 é expressa também em
células epiteliais, ela não serve como um marcador exclusivo de AAMo. Porém, a
associação de TGM2 com CD68 conseguiu discriminar AAMo em pulmões de camundongos
e humanos com asma. O trabalho conclui que a associação de TGM2 com outros
marcadores de macrófagos pode ser uma forma útil de identificar AAMo, pelo
menos para aqueles macrófagos gerados em situações com alta produção de IL-4. A
presença deste marcador em outros perfis de ativação alternativa dos macrófagos
ainda não foi demonstrada, mas pode ser uma ferramenta útil no estudo de
macrófagos.
Martinez FO, Helming L, Milde R,
Varin A, Melgert BN, Draijer C, Thomas B, Fabbri M, Crawshaw A, Ho LP, Ten
Hacken NH, Cobos Jimenez V, Kootstra NA, Hamann J, Greaves DR, Locati M,
Mantovani A,Gordon S. Genetic programs expressed in resting and IL-4 alternatively
activated mouse and human macrophages: similarities and differences. Blood 121: e57-69, 2013.
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