Levou-se meio século para a
identificação de um subtipo de células T responsável por mediar respostas das
células B, porém na última década, avanços importantes levou-nos a conhecer a função
e a regulação das células TFH (T helper
folicullar cells). Hoje podemos apreciar como essas células estão envolvidas
na produção de anticorpos, um evento importante do sistema imune, uma vez que
neutralizam e eliminam patógenos.
Tal imunidade humoral tem grande longevidade, muitas vezes persiste por
toda a vida do hospedeiro e depende da ajuda fornecida por células T CD4+,
especificamente células TFH, que induzem a diferenciação das células B em
células de memória e plasmócitos. Um dos subtipos de TFH, a TFH circulante (TFHc)
é vista hoje com crescente interesse na sua identidade como biomarcador na
vacinação bem sucedida. Várias publicações relatam os resultados da vacinação
contra a gripe durante a epidemia de H1N1 de 2009. Indução bem sucedida de IgG
específico coincide com aumentos significativos de IL-21 e TFHc além de células
T e B de memória. A quantificação da frequência de células TFHc é um indicador
confiável do sucesso da vacina e da resposta induzida. Assim, se entendermos
porque alguns indivíduos não desenvolvem respostas protetoras mediadas por TFH quando
imunizados poderemos trabalhar no sentido de desenvolver eficientes estratégias
vacinais, com o intuito de beneficiar também indivíduos com imunidade humoral
comprometida.
Todavia a função dessas
células TFH precisa ser rigorosamente regulada, já que sua atividade, quando
excessiva, induz imunopatologias como a auto-imunidade, imunodeficiências e
linfomas. Embora a natureza exata da função de TFHc em humanos ainda não esteja
bem determinada, a investigação dessas células em diferentes contextos, forneceu
informações importantes nas suas funções potenciais durante resposta imune em condições
fisiológicas e em imunopatologias. Bons exemplos dessa correlação é que em
doenças autoimunes como Lúpus Eritematoso Sistêmico, Síndrome de Sjogren,
Artrite Reumatoide, Dermatomiosite Juvenil e Doenças Autoimunes da Tireoide a
frequência de TFHc (CD4+CXCR5+ICOS+PD-1+)
encontra-se elevada. Ao passo que em imunodeficiências como Imunodeficiência
Variável Comum, com mutação em ICOS e CD19, Doença Linfoproliferativa Ligada ao
X, com mutação na molécula SAP e Sindrome de Hiper Produção de IgM ligada ao X,
com mutação em CD40L, revela-nos a relação entre TFH e essas patologias. Mais recentemente descrito, o linfoma, especificamente
o Linfoma de Célula T Periférica, se correlaciona com a hiperfunção de TFH,
pela expressão alta de PD-1, CXCL13 e IL-21.
O bom de tudo isso é que
há muita rapidez na exploração dos receptores, citocinas, quimiocinas e
mecanismos relacionados às células TFH e esperamos não precisar de mais 50 anos
para que terapias com essas células estejam disponíveis
para melhorar a saúde humana.
Ref: Tangye SG, Ma CS, Brink R, Deenick EK.
The good, the bad and the ugly -TFH cells in human health and disease.
Nat Rev Immunol. 2013 Jun;13(6):412-26. doi: 10.1038/nri3447. Epub 2013
May 17.
Post de Maria Marta Figueiredo, pós-doutoranda do Laboratório de Imunopatologia, Fiocruz-MG.
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