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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Nota de esclarecimento sobre a experimentação animal

A Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) torna pública a sua indignação e repudio ao atos de vandalismo ocorridos na última semana, praticados contra o Instituto Royal, em São Roque-SP, que realiza estudos científicos de avaliação de risco e segurança de novos medicamentos.

Deve ser ressaltado a importância destes estudos para a sociedade brasileira e mundial em relação ao desenvolvimento de novos medicamentos e terapias para diferentes doenças. Até o momento, ficou demonstrado que este Instituto foi credenciado pelo Conselho Nacional de Controle em Experimentação Animal (CONCEA) e seus projetos aprovados por um Comitê de Ética para o Uso em Experimentação Animal (CEUA), obedecendo em todos os aspectos ao estabelecido pela Lei Arouca, número 11.794, aprovada pelo Congresso Nacional em 2008. Demonstrando que o Instituto Royal esta seguindo a legislação pertinente que regulamenta o uso responsável de animais em atividades de ensino e pesquisa científica, não estando ao largo da lei. Ademais, O Instituto Royal é dirigido pelo Prof. João Antonio Pegas Henriques, Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências e sócio ativo da SBPC, pesquisador 1A do CNPq, orientador de programas de pós-graduação, pesquisador sério e competente. 

A SBI entende que a experimentação animal pode e deve ser substituída quando outras metodologias estejam disponíveis e cientificamente comprovadas quanto a sua eficácia e eficiência. Entretanto, também ressalta que várias áreas da pesquisa científica não podem prescindir da experimentação animal, principalmente aquelas relacionadas ao desenvolvimento de novos fármacos e imunobiológicos, como as vacinas. Vários modelos animais são e devem ser utilizados na pesquisa científica, desde que seu uso esteja devidamente regulamentado por lei e dentro da ética. Obviamente, somos defensores do uso de animais experimentais de acordo com as normas do CONCEA e da Lei Arouca número 11.794. Contudo, condenamos invasões de biotérios e áreas de experimentação animal baseadas em “achismos” e movidos pela emoção sem evidências comprobatórias.

Os atos ocorridos contra o Instituto Royal decorrem da falta de compreensão e uma total ignorância quanto aos preceitos legais, éticos e científicos de uma sociedade democraticamente constituída. Grupos que se intitulam de “protetores dos animais e da vida”, mas que na realidade depredaram e saquearam um instituto de pesquisa, agiram de forma violenta, irracional e truculenta, desrespeitando a ordem democrática e de direito da sociedade brasileira. A democracia apresenta incontáveis vantagens e inúmeros direitos ao cidadão, mas também requer deveres e o cumprimento das leis democraticamente constituídas. Estes atos violentos somente demonstram a intolerância de grupos intransigentes que em nenhum momento mostraram estar dispostos ao diálogo e a convivência harmônica em uma sociedade democrática.

Finalmente, a SBI gostaria de expressar a sua extrema preocupação com o retrocesso que estes atos podem levar para a pesquisa científica brasileira, podendo gerar um profundo desbalanço no desenvolvimento científico e tecnológico do nosso país. Tais atos devem ser punidos conforme a lei determina, reforçando a credibilidade nas instituições nacionais e na ordem pública e democrática do Estado brasileiro. A sociedade brasileira não pode mais prescindir dos avanços científicos e de desenvolvimento tecnológico que irão agregar uma maior qualidade de vida, principalmente aqueles relacionados a saúde da nossa população. 

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2 comentários:

  1. Pois é, Cristina, e quando eu traduzi um livro de Imunologia para leigos com a intenção de divulgar a ciência para o público leigo no Brasil, inclusive a partir do Ensino Médio, recebi a crítica de ALGUNS CIENTISTAS de que "isso não vai levar a nada, é melhor vc publicar os seus papers pq isso dará mais impacto à sua pesquisa na hora de solicitar auxílio...". Concordo que seja verdade. Mas penso que se sobra inteligência científica e/ou racional pra alguns, falta-lhes inteligência emocional/social/ecológica (Daniel Goldman's website: http://www.danielgoleman.info/), que também é uma ciência... O mesmo digo sobre o projeto "Imunologia nas Escolas", que não é muito bem visto/incentivado por alguns pesquisadores, porque "toma tempo do meu aluno de IC/mestrado/doutorado/pós-doc etc...". Há que se ter em mente que a nossa preocupação com educação (científica ou não) não se limita ao nosso "mundinho" de 1, 2, ou 4 anos de IC/mestrado/doutorado/pós-doc, mas de toda uma vida, principalmente a dos pacientes. E também levando-se em consideração que desde a primeira aplicação por Jenner de vacina contra a varíola até sua erradicação em 1978-80 pela WHO, passaram-se quase 200 anos. Já tinha dito em algum lugar também que, nós cientistas, somos um pouco culpados porque praticamente deixamos isso acontecer, ao deixar de evitar/prevenir/educar a sociedade não científica quanto à importância da ciência, incluindo a experimentação animal, para o desenvolvimento científico e tecnológico. Exemplo concreto: provavelmente, a maioria das pessoas que lêem um blog como este são imunologistas, um público pré-selecionado. Mas, mais uma vez, fui e espero ser duramente criticado novamente... Isso com certeza faz e fará parte do meu desenvolvimento científico e humano.

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  2. Apenas para fomentar meu argumento: http://temciencianoteucha.wordpress.com/2013/10/23/por-que-ainda-usamos-animais-em-pesquisas/

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