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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

CHOCOLATE...CHOCOLATE....CHOCOLATE...EU SÓ QUERO CHOCOLATE...




Amelia Ribeiro de Jesus (UFS)

Leiam que artigo genial saiu na NEJM (Messerli FH, 367;16, Oct 2012), parece até aquela história que os estatísticos contam nos cursos da associação entre prostituição e consumo de maçãs.

Flavonóides dietéticas, abundante nos alimentos de origem vegetal melhoram a função cognitiva. Especificamente, a redução do risco de demência, um melhor desempenho em alguns testes cognitivos, e função cognitiva melhorada em pacientes idosos com insuficiência leve têm sido associadas com a ingestão regular de flavonoides (1, 2). Uma subclasse de flavonóides (os Flavanols), amplamente presentes no cacau, chá verde, vinho tinto, e algumas frutas, parece ser eficaz em retardar ou até mesmo reverter as reduções do desempenho cognitivo do envelhecimento. Flavanols dietéticos melhoram também a função endotelial e reduzem a pressão arterial, levando a vasodilatação periférica e cerebral (3, 4). Melhoria do desempenho cognitivo foi documentada com a administração de um extracto de cacau polifenólico em ratos Wistar-Unilever velhos (5).

Neste artigo o autor resolveu correlacionar o consumo per capta de chocolates nos países com o número de Prêmios Nobel destes países. Eles encontraram uma correlação direta, com r = 0,79, p=0,0001 (Ver a figura do artigo). Eles discutem mais 2 hipóteses que poderiam explicar a associação entre os dois fatos: 1) Que o desempenho cognitivo melhor pode estimular em todo o país o consumo de chocolate, justificando que as pessoas com função cognitiva superior estão mais conscientes dos benefícios de saúde dos flavonóides no chocolate e tendem a aumentar o seu consumo; e 2) Que exista um denominador comum que poderia conduzir ao chocolate consumo e ao aumento do número de prêmios Nobel durante muitos anos, a exemplo de diferenças de status socioeconômico entre os países e de fatores geográficos e climáticos, os quais podem ter algum papel, mas estão aquém explicar a correlação observada.

O que vocês acham deste artigo?
Vocês acham que a correlação encontrada é obra do acaso?
Vocês acham que este é um exemplo de artigo onde uma boa argumentação vale uma grande publicação?
Por via das dúvidas, vamos comer chocolates.

Messerli FH, 367;16, Oct 2012

Referências
1.   Nurk E, Refsum H, Drevon CA, et al. Intake of flavonoid-rich wine, tea, and chocolate by elderly men and women is associated with better cognitive test performance. J Nutr 2009;139:120-7.
2.    Desideri G, Kwik-Uribe C, Grassi D, et al. Benefits in cogni- tive function, blood pressure, and insulin resistance through cocoa flavanol consumption in elderly subjects with mild cogni- tive impairment: the Cocoa, Cognition, and Aging (CoCoA) Study. Hypertension 2012;60:794-801.
3.    Corti R, Flammer AJ, Hollenberg NK, Lüscher TF. Cocoa and cardiovascular health. Circulation 2009;119:1433-41.
4.    Sorond FA, Lipsitz LA, Hollenberg NK, Fisher ND. Cerebral blood flow response to flavanol-rich cocoa in healthy elderly humans. Neuropsychiatr Dis Treat 2008;4:433-40.
5.    Bisson JF, Nejdi A, Rozan P, Hidalgo S, Lalonde R, Mess- aoudi M. Effects of long-term administration of a cocoa poly- phenolic extract (Acticoa powder) on cognitive performances in aged rats. Br J Nutr 2008;100:94-101.

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2 comentários:

  1. Vou copiar/colar aqui o que escrevi noutro blog sobre essa notícia.

    O Nobel está relacionado diretamente a países que tem excelentes universidades, pesquisa de ponta, investimentos fartos em pesquisa, ciência, na liberdade de expressão literária, no incentivo a cultura e à ciência e, antes disso, onde há uma sociedade plural com grande qualidade de vida, com famílias estruturadas que ganham bem, que alimentam bem os bebês desde o início da vida, de pais que responsavelmente colocam os seus filhos nas escolas e os mantém até o fim da formação, escolas que são muito melhores do que as dos países subdesenvolvidos. Nos países citados há toda uma estrutura favorável que facilita essa situação, não é óbvio?

    Eu só veria algum fundamento se a pesquisa tivesse sido feita diretamente com os laureados. Eles realmente comem ou comeram chocolate em boa parte da sua vida? Com que regularidade? Quanto? Os dados poderiam contradizer essa pesquisa, dizendo que os laureados comeram uma outra vez ou que não comem, então isso desmontaria a pesquisa, até porque imagine o seguinte, olhem o absurdo, eles pegaram dados diretamente dos países, mas como se pode imaginar um país comendo chocolate e então as pessoas que comem "passariam" aos laureados, como se fossem “vibrações pelo ar”, a criatividade, capacidade intelectual, conhecimento, etc.. para a mente ou o cérebro dos laureados "funcionarem" mais ou melhor?…rs

    A pesquisa do post não é significante, não considero de valor, a não ser que uma outra pesquisa, feita diretamente com os laureados, prove essa correlação.

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  2. é.... mais um tijolo no muro de publicações... o sistema atual que permite isso! afinal o que importa não são os números/quantidade?? vamos lá... 1, 2, 3, 4..... 40 por ano.... 100... vale tudo: primeiro autor, na meiúca, penultimo, ultimo... Principalmente na meiúca, vale até só emprestar um reagente ou um equipamento do lab q vc estará lá como colaborador, e na hora que reclamarem que vc não tem muitos trabalhos como primeiro/ultimo autor, vc corre e aplica uma estatistica entre alhos e bugalhos e pronto ;) Ah, sem nem falar dos camundongos KO, knocking, transgenicos e similares.... teste o mesmo pacote de experimentos em todos os KO disponíveis, vê o que dá ( de preferencia os resultados com barras absurdamentes discrepantes entre os grupos - afinal ai sim é significativo visualmente) e publique cada KO num paper diferente e diga que descobriu a América em cada um deles, afinal a falta daquela molécula é a chave da criação do universo.
    É... eu amo cada vez mais esse mundo científico!

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