Todos nós
estamos acostumados com as caracterísicas fundamentais de uma Sinapse
Imunológica (SI), que possui uma estrutura tipo "bulls eye" ou tipo
alvo, com moléculas de TCR-MHC-peptídeo formando um cluster central e moléculas
de adesão rodeando essa região central, formando um cluster periférico. A SI é
basicamente uma região de contato físico entre célula T e APC (ou célula alvo, Fig.
1a), que pode ser chamada também de Cluster de Ativação Supramolecular (SMAC,
do inglês "Supramolecular Activation Cluster"). A região central é
denominada cSMAC e a região periférica é denominada pSMAC (Fig. 1b, cSMAC em marrom, pSMAC em verde; Huppa
& Davis, 2003).
Essa estrutura é extremamente
importante para ativação celular e para função efetora, pois dispõe as células
em um contato mais íntimo, facilitando a liberação de grânulos e citoninas para
a célula alvo. Mas tem um porém, essa estrutura não é completamente estática
como pensamos. Mesmo após a formação de um cSMAC maduro, tanto a célula quanto
a sinapse e o cSMAC continuam a se movimentar. É o que mostrou o trabalho de Beemiller
et al. (2012) publicado na revista Nature Immunology deste mês, que trouxe uma
visão dinâmica da movimentação dos microclusters de TCR (primeiras estruturas
de sinalização) e formação do cSMAC durante uma sinapse movél.
Além disso, os resultados
apresentados neste trabalho mostraram que o movimento realizado pela célula T e
pelo cSMAC, e de modo interessante a centralização dos microcluster de TCR para
formação do cSMAC, dependem da despolimerização da actina. Entretanto,
miosina-II, um importante fator regulador do citoesqueleto e de extrema importância
para motilidade celular foi dispensável para formação de cSMAC.
Com um modelo de estudo de sinapses in vitro, o mesmo utilizado para
demonstrar pela primeira vez a estrutura que conhecemos hoje tipo "bulls
eye" (Grakoui et al. 1999), no qual uma bicamada lipídica carregada com
MHC-peptídeos mimetiza a célula APC, foi mostrado que, após adição de células T
marcadas com fluoróforos, existem dois
tipos de sinapse, uma estável e outra movél. A técnica de microscopia de fluorescência de reflexão
interna (TIRF) foi aplicada para observar a movimentação celular, dos
microclusters e de cSMAC por meio de vetoriais calculados com auxílio de
sofisticados softwares matemáticos.
Esta ferramenta também poderá
auxiliar no entendimento do real papel do cSMAC na SI durante a resposta imune,
uma vez que um trabalho publicado por Lee et al., (2003) mostrou que a ausência
de cSMAC propiciou uma hiperresponsividade das células T. Agora com este modelo
experimental em mãos, em breve segredos sobre o cSMAC serão desvendados. Será
que a formação de cSMAC estaria regulando a ativação celular?
Em conclusão, este artigo mostrou de forma mais apurada que
os linfócitos T e a SI se movimentam, assim como cSMAC. O direcionamento dos
microclusters e a formação do cSMAC é totalmente dependente da despolimerização
de actina, como já mostrado em modelo similar com células T Jurkat (Fig. 2, Kaizuka et al. 2007), mas independente de miosina-II.
E agora eu te pergunto: você conseguiria acertar esse
alvo?
Post por Éverton O.L. dos Santos e Giuliano
Bonfá
Referências:
1) Nature Immunology 13, 787–795 (2012).
3) Science Vol. 285 no. 5425 pp. 221-227 (1999).
4) Proc Natl Acad Sci U S A. 18; 104(51): 20296–20301 (2007).
4) Proc Natl Acad Sci U S A. 18; 104(51): 20296–20301 (2007).
Nenhum comentário:
Postar um comentário