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domingo, 9 de setembro de 2012

Journal Club IBA – Folículos pilosos e sua relação com as células de Langerhans



A pele constitui o maior órgão do corpo humano e a primeira linha de defesa contra patógenos, assim como contra danos físicos e químicos. É composta por duas camadas principais: epiderme e derme, sendo que em cada região existem tipos celulares distintos. São encontrados diferentes subtipos de células dendríticas na pele, dentre as quais, as células de Langerhans (LCs) constituem o principal subtipo presente na epiderme e pode ser identificada pela expressão das moléculas: MHCII+CD11c+CD11b+EpCAMhiCD103-F4/80+, além de expressarem a molécula langerina em camundongos e CD1a em humanos.
As LCs desempenham diversas funções e já foram descritas sua atuação na imunidade antimicrobiana, na reação de dermatite de contato alérgica, assim como na indução da tolerância. Elas são capazes de auto-renovação, resistem à radiação, originam-se de um precursor mieloide (CD45+CD115+CD11b+CX3CR1+) que migra para a epiderme principalmente durante o período embrionário. O desenvolvimento das LCs maduras depende da expressão de TGF-β e de ligantes de M-CSFR. Apesar de terem capacidade de auto-renovação, quando ocorre sua depleção durante processo inflamatório na pele, a repopulação acontece a partir de precursores derivados de monócitos, os quais migram para a epiderme dependente da expressão de CCR2, CCR6 e M-CSFR. Interessante, o surgimento das LCs acontece próximo aos folículos pilosos, fato observado por Gilliam et al. em 1998. A partir daí, passou-se a suspeitar da possível contribuição dos folículos pilosos na migração das LC para a epiderme.
Utilizando-se diversos modelos animais, Nagao et al. demonstraram a existência de pré-LCs na epiderme, originadas de precursores mieloides LysM+ e Gr-1hi, e não dos precursores CX3CR1+ descritos anteriormente, e que supostamente estariam envolvidos na repopulação das LCs na epiderme. A partir da análise da expressão de quimiocinas pelos queratinócitos presentes nas diferentes regiões do folículo piloso, observou-se a predominância da produção de CCL1 e CCL2 na região do istmo, CCL20 no infundíbulo e epiderme interfolicular, e CCL8 na região do bulbo supra-basal. Esta última quimiocina foi associada à regulação negativa da migração das LCs para a epiderme, impedindo um infiltrado excessivo de LCs naquele local.
Por fim, o trabalho mostrou que na ausência da estrutura do folículo piloso, havia uma pequena população de LCs na epiderme, comprovando que estas estruturas são essenciais portas de entrada destas células na epiderme. A mesma observação foi realizada em humanos a partir da análise de amostras de pacientes com alopecia areata e líquen plano pilar, doenças caracterizadas por intensa inflamação no folículo piloso com perda reversível ou irreversível de pêlos, respectivamente. A elucidação dos mecanismos envolvidos na repopulação das LCs na epiderme e a participação dos folículos pilosos nesse fenômeno contribuem no entendimento da dinâmica celular na epiderme e destaca a importância dos folículos pilosos não somente como estruturas associadas à produção de pêlos.



Figura 1. Esquema representativo da produção de quimiocinas por queratinócitos das diferentes regiões dos folículos pilosos e que atuam no recrutamento dos precursores das LCs para a epiderme (Heath & Mueller, 2012).

Post de Luana Soares e Marcel Trevisani.

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