As
plaquetas são conhecidas pela sua grande importância na formação de coágulos,
mas no trabalho liderado pelo Dr. Craig Morrell, foi demonstrada uma maior funcionalidade
dessas células. As plaquetas contêm muitas moléculas importantes no
processamento e apresentação de antígenos, além de apresentarem moléculas
co-estimulatórias, como o CD40 e o CD86. Levando em consideração a expressão
dessas moléculas, o autor cultivou plaquetas com células T estimuladas com o primeiro
sinal, e demonstrou que o segundo sinal atribuído pelas plaquetas é capaz de
promover a produção de IL-2 pelas células T. Em seguida, os pesquisadores mostraram
que as plaquetas podem processar e apresentar antígenos in vitro.
Para
avaliar se essa apresentação de antígenos pelas plaquetas é efetiva para
linfócitos T, foi utilizada a linhagem de camundongos OT-I, que apresenta o TCR
específico para um resíduo de OVA e a linhagem OVA-Tg, que são camundongos que
apresentam o peptídeo de OVA em seu MHC de classe I. Assim, foi observado um
aumento da produção de citocinas IL-2 e IFN-g
quando as células T dos camundongos OT-I foram cultivadas com plaquetas de
camundongos OVA-T, demonstrando que as plaquetas são importantes na modulação
da resposta imune.
Tendo demonstrado
a capacidade das plaquetas apresentarem antígenos via MHC de classe I, os autores
utilizaram a malária como modelo de infecção, em função da importância do papel
das plaquetas na patogênese da malária cerebral experimental. Nos experimentos,
os pesquisadores depletaram as plaquetas de camundongos e dosaram IL-2 e IFN-g do plasma desses animais, demonstrando que quando
as plaquetas foram depletadas a resposta imune é prejudicada drasticamente.
Surgiu então a dúvida se a plaqueta teria a capacidade de apresentar antígenos
da hemácia infectada de um camundongo. Camundongos foram então infectados com
um parasito expressando peptídeo de OVA, e suas hemácias foram isoladas e
incubadas com células OT-I na presença de plaquetas selvagens e plaquetas de
animais nocautes para a região beta do MHC I. Observou-se a expressão de CD25 e
de IL-2 nas células OT-I incubadas com hemácias e plaquetas selvagens em
relação aos outros grupos.
Finalmente,
pensando na utilização de células dendríticas pulsadas com antígenos na indução
de respostas de células T protetoras para o tratamento de câncer e HIV, os
autores pensaram na utilização de plaquetas para a mesma finalidade, já que
essas podem apresentar antígenos. Plaquetas foram incubadas com OVA e
transferidas aos camundongos que foram infectados com Plasmodium berghei ANKA-OVA. Como resultado, 100% dos animais do
grupo tratado com plaquetas sobreviveram à malária cerebral com uma baixa
parasitemia e um alto número de células CD8+ específica para OVA.
Este
trabalho apresenta um conceito importante de que as plaquetas não apenas
sustentam e promovem respostas imunes adquiridas, mas também participam
diretamente na iniciação desta resposta.
Boa
Leitura: Chapman et al. Platelets Present Antigen in the Context of MHC Class
I. The Journal of Immunology. 189(2):916-23 (2012).
Post por
Pedro Costa, aluno de mestrado do Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde,
CPqRR, Fiocruz.
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