O vírus Ebola (EBV) apareceu
inicialmente em 1976 em duas epidemias simultâneas, em Nzara no Sudão e em
Yambuku, na República Democrática do Congo (RDC). Esta última ocorreu em uma
vila próximo ao Rio Ebola, razão do nome da doença. O EBV pertence a família Filoviridae (gênero filovirus),
juntamente com os gêneros Marburg e Cuevavirus. Os EBV podem ser divididos em 5
espécies: Bundibugyo, Zaire, Reston, Sudão e Tai Forest.
O EBV é transmitido a humanos pelo contato com sangue, secreções,
órgãos e outros fluídos corporais de animais infectados. Na África a
transmissão tem ocorrido pelo manuseio de chimpanzés, gorilas, morcegos
frugívoros, macacos, antílopes e porcos-espinhos infectados e/ou achados
doentes ou mortos nas florestas tropicais. Entre os humanos o vírus se transmite pelo contato humano –
humano devido as secreções contaminadas (Período de incubação entre 2 e 21
dias). Homens que se recuperam da infecção podem ainda transmitir a doença por
até 7 semanas através do sêmen. Em virtude da forma de contágio profissionais
de saúde trabalhando em áreas endêmicas são bastante susceptíveis a infecção
pelo EBV.
A infecção pelo EBV causa febre, dor
muscular, intensa fraqueza, dor de cabeça, inflamação na garganta. A estes
sintomas segue vômito, diarreia, “rash”, falha hepática e renal, e em alguns
casos, hemorragias internas e externas. Os achados laboratoriais incluem leucopenia
e plaquetopenia, bem como, elevação nas enzimas hepáticas.
Apesar
de já ter sido descrito diversas epidemias por EBV (Tabela 1), nos últimos
meses estamos acompanhando a maior já descrita, em termos de número de casos e
países atingidos. Dados da Organização Mundial da Saúde registram até o último
31 de agosto, 3.685 casos (prováveis, confirmados e suspeitos) com 1841 mortes.
Os casos foram reportados na Libéria, Serra Leoa, Nigéria, Senegal, República
Democrática do Congo e Guiné. Adicionalmente, outros países, localizados fora
do continente africano também estão investigando a ocorrência de infecções por
EBV. Apesar de alta mortalidade observada nas epidemias por EBV, não estão
disponíveis de forma comercial medicamentos e/ou vacinas contra o vírus.
Ano
|
País
|
Espécie de
EBV
|
Casos
|
Óbitos
|
Mortalidade
|
2012
|
RDC
|
Bundibugyo
|
57
|
29
|
51%
|
2012
|
Uganda
|
Sudão
|
7
|
4
|
57%
|
2012
|
Uganda
|
Sudão
|
24
|
17
|
71%
|
2011
|
Uganda
|
Sudão
|
1
|
1
|
100%
|
2008
|
RDC
|
Zaire
|
32
|
14
|
44%
|
2007
|
Uganda
|
Bundibugyo
|
149
|
37
|
25%
|
2007
|
RDC
|
Zaire
|
264
|
187
|
71%
|
2005
|
Congo
|
Zaire
|
12
|
10
|
83%
|
2004
|
Sudão
|
Sudão
|
17
|
7
|
41%
|
2003 (Nov-Dec)
|
Congo
|
Zaire
|
35
|
29
|
83%
|
2003 (Jan-Abr)
|
Congo
|
Zaire
|
143
|
128
|
90%
|
2001-2002
|
Congo
|
Zaire
|
59
|
44
|
75%
|
2001-2002
|
Gabão
|
Zaire
|
65
|
53
|
82%
|
2000
|
Uganda
|
Sudão
|
425
|
224
|
53%
|
1996
|
África do Sul (antigo Gabão)
|
Zaire
|
1
|
1
|
100%
|
1996 (Jul-Dec)
|
Gabão
|
Zaire
|
60
|
45
|
75%
|
1996 (Jan-Abr)
|
Gabão
|
Zaire
|
31
|
21
|
68%
|
1995
|
RDC
|
Zaire
|
315
|
254
|
81%
|
1994
|
Costa do Marfim
|
Taï Forest
|
1
|
0
|
0%
|
1994
|
Gabão
|
Zaire
|
52
|
31
|
60%
|
1979
|
Sudão
|
Sudão
|
34
|
22
|
65%
|
1977
|
RDC
|
Zaire
|
1
|
1
|
100%
|
1976
|
Sudão
|
Sudão
|
284
|
151
|
53%
|
1976
|
RDC
|
Zaire
|
318
|
280
|
88%
|
#RDC:
República Democrática do Congo
Modificado
de: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs103/en/
O artigo de Wei Xu e
colaboradores recentemente publicado no periódico Cell Host & Microbe [1] decifra
parte do mecanismo pelo qual o EBV inibe a resposta de IFN tipo I, permitindo
assim uma alta taxa de replicação viral, bem como, para a “tempestade de
citocinas” observada durante a infecção por EBV. Os autores demonstraram que a
proteína VP24 do vírus Ebola liga-se a carioferina alfa (KPNA), uma família de
proteínas que participam do transporte de proteínas ao núcleo e inibe o
transporte da STAT1 fosforilada. Isto impede a ligação da STAT1 fosforilada ao
elemento de resposta estimulado por IFN (ISRE) ou ao sítio ativado por
interferon-gama, evitando desta forma, o desenvolvimento do estado antiviral.
Os autores demonstraram que a proteína VP24 do EBV liga-se na região C-terminal
da KPNA5 humana em uma região não-clássica de ligação. A ligação é de alta
afinidade entre a VP24 e a KPNA5 e não impede o transporte para o núcleo de
outras proteínas transportadas através da ligação nas regiões clássicas da
KPNA5. A ligação da VP24 na KPNA5 impede a geração
de um estado antiviral capaz de conter a replicação do EBV e deve ser preponderante
para a alta replicação viral observada na infecção pelo EBV.
Referência bibliográfica:
Juliano
Bordignon - Programa de
Pós-Graduação em Biociências e Biotecnologia do Instituto Carlos Chagas/Fiocruz,
Paraná - Laboratório de Virologia Molecular.
Phileno Pinge Filho – Programa
de Pós-Graduação em Biociências e Biotecnologia do Instituto Carlos
Chagas/Fiocruz, Paraná.
American Society for
Microbiology Statement on Ebola Response
The American Society for Microbiology (ASM) applauds the Administration’s
announcement on September 16 to expand
Department of Defense (DOD) logistical capabilities, medical expertise and
resources to respond more rapidly to the Ebola outbreak in West Africa. This
epidemic continues to spread with dire consequences for global health and
economic well-being. The effort to reduce transmission is a race against time
and will require unprecedented financial resources and human expertise, both
from the United States and from international organizations. It is essential
that the Centers for Disease Control and Prevention (CDC), the National
Institutes of Health (NIH) and the World Health Organization (WHO) be supported
at the levels needed to provide the public health response to this
international health crisis. There must be sustained funding to provide the
public health infrastructure and rapid response capabilities needed to deal
with future outbreaks of highly infectious diseases.
While providing logistical and medical support in West Africa is an
urgent step, it will be vaccines and therapeutics that remove Ebola as a global
threat. The ASM urges the Administration and the Congress of the United
States to provide increased and sustained funding for the research supported by
the NIH that is needed to develop the vaccines and therapeutics to combat Ebola
and to protect humanity from this disease. Rapid diagnostics,
therapeutics and vaccines for Ebola and other infectious disease agents as well
as knowledge about fundamental aspects of emerging virus biology must be
developed. This knowledge is the ultimate source of new ideas and solutions
to epidemics and pandemics that are certain to arise.
Sustained support is also needed for the Food and Drug Administration
which plays an important role in drug development. As candidate vaccines and
therapeutics are developed that have the potential to help contain the outbreak
and offer broad protection against Ebola, expedited approval processes and
government support will be needed to make them available rapidly. It is
also critical to maintain a global surveillance system to detect emerging
infections early enough to contain and eliminate them before they spread and
present a grave public health and security crisis as has occurred in the
West African Ebola outbreak.
Ebola will not be the last virus to evolve into a major health and security
threat. The only way to stay ahead of the rapid evolution of
microorganisms and the inevitable emergence of new diseases is to support
infectious disease research and public health agencies that can respond rapidly
when outbreaks occur. This requires adequate and predictable funding, training
of personnel, and safe and secure facilities.
Timothy J. Donohue, Ph.D.
President, ASM |
Ronald M. Atlas, Ph.D.
Chair, Public and Scientific Affairs Board |
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