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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O que faz os seres humanos mais atraentes para os mosquitos?


Auditório da Katholieke Universiteit, Leuven em 26/08/2013


Participei do "TedEX-Leuven Salon: The Senses" (Os Sentidos) enquanto estive na Bélgica recentemente em 26 de agosto último, cumprindo estágio do Ciência sem Fronteiras, e tive a oportunidade de presenciar esta brilhante palestra num dos auditórios da Katholieke Universiteit (KU-Leuven). 
Leslie B. Vosshall é investigadora do Howard Hughes Medical Institute e Robin Chemers Neustein Professor, da The Rockefeller University, onde ela é chefe do Laboratório de Neurogenética e Comportamento. O objetivo global do trabalho no lab de Vosshall é compreender como comportamentos complexos são modulados por  estímulos químicos externos e estados fisiológicos internos.
Trabalhando com moscas Drosophila melanogaster, mosquitos e seres humanos, a pesquisa da Dra Vosshall rendeu novos conhecimentos sobre como os estímulos são processados e como o odor é percebido. Em sua TEDtalk, Vosshall discorreu sobre a questão do por que os mosquitos picam algumas pessoas mais do que outras, uma questão que todos, sem dúvida, já nos perguntamos. Mosquitos fêmeas espalham de um ser humano infectado doenças mortais como a malária, dengue e febre amarela e disseminam patógenos para a próxima vítima, alimentando-se de sangue saudável. Esses mosquitos são tão eficazes porque preferem seres humanos em relação aos outros animais. Mas todos já notaram o efeito curioso que nem todos os seres humanos são igualmente atraentes. Em situações de grupo, parece que há sempre um ou dois indivíduos que sofrem com muitas picadas, enquanto outros são completamente ignorados.
Assim, ela comenta, que há um tipo de experimento que todos fazem, por exemplo, e sempre recebe comentários como esse: "minha mãe é a pessoa que sempre recebe mais picadas, por isso nós a convidamos a ficar do lado de fora da festa pra receber todas as picadas e proteger a todo o resto de nós presentes...". Então, durante suas viagens pelo mundo, a pesquisadora tem procurado entender o que há tanto nos mosquitos fêmeas quanto nos humanos que transformam alguns destes em ímãs e outros em repelentes para mosquitos...
A tentativa folclórica de explicar por que algumas pessoas são mais atraentes para os mosquitos do que outras é rica e complexa, mas algumas dessas idéias foram submetidas a um teste científico. Seria a cerveja? Ou o tipo de sangue? Ou se você é homem ou mulher ou jovem ou velho, isso interfere? A forma como você respira  (dióxido de carbono é um forte atraente) ou como seu corpo funciona em temperaturas elevadas? Banana, alho, cerveja, muito do que comemos ou bebemos pode aumentar a atratividade dos mosquitos.

Um dos experimentos foi submeter um desses "ímãs" humanos de mosquitos à picadas de insetos, mas deixando exposta somente uma pequena parte do corpo, como o braço. Os mosquitos são então atraídos provavelmente pela umidade e pelo odor que exala do braço exposto de uma voluntária. Eles procuram e sondam um capilar sangüíneo, e quando encontram, usam sua probóscide pra perfurá-lo e obter o sangue. Cada mosquito se alimenta de forma a ganhar 3 a 4 vezes o próprio peso, somente em sangue! E a razão disso é que uma fêmea sem sangue seria estéril, ou seja, jamais poderia pôr seus ovos. Durante uma refeição de apenas alguns microlitros, ela é capaz de gerar 50 a 100 mosquitinhos.
Nesta apresentação, Vosshall disseca as provas e também discute novas informações científicas sobre como os mosquitos "caçam" um humano em particular para a sua refeição sangüínea. Ela identificou os genes que modulam o odor e a percepção de dióxido de carbono em insetos. O gene Orco, membro da família odorante, é de interesse particular, porque é expresso em quase todos os neurônios olfatórios e altamente conservado na evolução dos insetos. A equipe da Dra Vosshall descobriu que o gene funciona como um correceptor, trabalhando em tandem com receptores odorantes nos dendritos dos neurônios olfatórios, e aponta esta proteína como um alvo potencial de inibidores químicos, que pode ajudar a combater doenças infecciosas transmitidas por mosquitos.
 
Fonte: http://tedxleuven.com/2013-tedxleuven-salon-senses/dr-leslie-vosshall

O vídeo da palestra também pode ser acessado aqui: http://www.youtube.com/watch?v=kwdI6QLE8tg


Referências:
1. Lefévre et al. Beer consumption increases human attractiveness to Malaria mosquitoes. 2010, PLoS One 5(3): e9546. 2010.
2. Liesch J, Bellani LL, Vosshall LB. Functional and genetic characterization of neuropeptide Y-like receptors in Aedes aegypti. PLoS Negl Trop Dis 7(10):e2486. 2013.
3. DeGennaro, Vosshall LB et al. Orco mutant mosquitoes lose strong preference for humans and are not repelled by volatile DEET. Nature 498:487-491. 2013.




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Um comentário:

  1. Não seria uma boa investir num atraente e não repelente de mosquitos para tentar contror ou ate extinguir determinados mosquitos? Se eles são capazes de encontrar até água parada ( teoricamente inodora) la num terreno baldio cheio de mato aromatico, dentro de um pneu velho ou numa folha de coqueiro seca, fico imaginando que se tivéssemos uma armadilha com um banquete de substancias que reconhecidamente os atraem... Se 50% escolherem este caminho, este artefato terá sido mais eficiente que o repelente ou mesmo a vacina. Estou enganado? Será que exite pesquisas serias neste sentido? Se a ideia for boa por favor lembre-se de mim quando patentearem o invento..rsrsrsrs

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