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sábado, 17 de agosto de 2013

E NASCE O IMUNOLOGIA NAS ESCOLAS DA USP-RP


             
              Há alguns meses, anunciamos aqui no Blog da SBI que os alunos e professores do Programa de Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada e de graduação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas e da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, inspirados em iniciativas já bem sucedidas, dariam início ao Projeto Imunologia nas Escolas da USP/RP. Desde então, foram diversas as reuniões e discussões levantadas a respeito de como seria esta versão ribeirão pretana do projeto. Nesse sentido, nossa proposta é aproximar a ciência Imunologia do cotidiano do aluno do ensino médio, e ao mesmo tempo, estimulá-lo a se interessar pelo pensamento científico. Além disso, baseados na premissa de que a um dos deveres da universidade é o de corresponder ao investimento feito pela sociedade, delineamos uma proposta pautada na utilização da Imunologia como mecanismo de transferência do conhecimento produzido na universidade para a comunidade. Desse modo, estamos trabalhando na elaboração de aulas cujos conteúdos teóricos/práticos abordados tenham uma forte relação com situações do cotidiano do cidadão leigo em Imunologia. Tal abordagem soa bastante interessante pois o aluno é capaz de trazer uma série de exemplos baseados em situações já vivenciadas e fazer um link com a teoria exposta e por que não dizer, organizar um conhecimento que não raro, já possui, mas que está descontextualizado.
                  Após muita reflexão, definimos os conteúdos que seriam tratados ainda nesse ano letivo de 2013 e nada mais óbvio do que iniciar o projeto com uma aula introdutória do sistema imunológico. Os temas das atividades seguintes, que devem acontecer nos meses de setembro, outubro e novembro, versarão a respeito da inflamação, infecções por micro-organismos e vacinas, e alergias. Neste início de projeto, optamos por oferecer as atividades a duas escolas da cidade de Ribeirão Preto, sendo uma pública e outra particular. Após cada uma dessas aulas, teremos um post no blog descrevendo a experiência. Por hora, nos reteremos na descrição do primeiro encontro, ocorrido no dia 12/08/2013. Encontro que diga-se de passagem, foi muito gratificante.
                  Nesta primeira aula, quisemos mostrar aos alunos qual a importância fisiológica de possuir um sistema relacionado à manutenção da homeostase diante de adversidades como por exemplo, as infecções por microorganismos. É claro que em momento algum utilizamos esta definição, pois mais acadêmica, impossível. Para tal, lançamos mão de uma série de recursos na construção de nossa atividade que pôde ser considerada uma aula teórico-prática expositiva, mas não convencional. Aqui farei uma breve descrição do roteiro, de como utilizamos os recursos didáticos.
                 Primeiramente, dirigi-me aos alunos perguntando o que seria o sistema imunológico, qual sua importância. Respostas diversas relacionadas à proteção contra doenças e tudo mais surgiram. Passei a eles a noção de que não vivemos num ambiente estéril, por mais que a higiene seja feita e para comprovar isso, trouxemos algumas placas de cultura de bactérias coletadas de locais de circulação comum, da própria faculdade de medicina. Tínhamos amostras de bactérias do banheiro, da maçaneta do banheiro, do teclado de computador, e dos gatos que frequentam o pátio do prédio central da FMRP/USP. Os alunos ficaram muito surpresos com a quantidade de bactérias presentes nos locais. Naquele momento, indaguei a eles: Se vivemos num ambiente tão contaminado, como é que não ficamos doentes o tempo todo? Passei, então, o conceito de micro-organismo patogênicos e não patogênicos, e da importância de muito deles na própria indústria alimentícia. Tendo todo esse embasamento, os alunos foram questionados a respeito de quais seriam as barreiras do nosso organismo que impediriam a infecção por micro-organismos. Dessa forma, exploramos o conceitos de barreiras da imunidade inata. O passo seguinte de nossa sequencia didática foi explorar as maneiras de superação dessas barreiras por tais micróbios. Para tal, fizemos uma pequena encenação, cuja estrela maior foi a Pós-doutoranda Maria do Carmo Souza, que interpretou Dona Maria, uma senhora do lar desastrada. Nossa personagem machuca-se enquanto faz faxina em sua casa. Sem ligar muito para o ferimento, Dona Maria continua seus afazeres e dias depois adoece apresentando sintomas de febre, gânglios axilares, etc. Ela procura um médico (Alexandre Souza), que solicita um hemograma. Dona Maria vai a um laboratório de análises clínicas e, muito curiosa, pergunta à biomédica (Msc. Laís Sacramento) sobre as informações a serem obtidas a partir do hemograma. Nesse momento, foi explicado aos alunos sobre a técnica do esfregaço e o princípio da coloração por hematoxilina/eosina. Em seguida, foram introduzidos os leucócitos e sua morfologia por meio de imagens projetadas e por meio de material feito em placas de isopor. Após a explicação, os alunos tiveram a oportunidade de observar cada um dos subtipos de células nos microscópios já deixados à disposição. Após a observação, explicamos a eles de maneira bastante simplificada o processo de recrutamento de células para o sítio de infecção, utilizando como recurso maquetes de isopor representando  rolamento, diapedese e migração de neutrófilos em direção aos sinais emitidos por macrófagos residentes do sítio infeccioso. Outra maquete utilizada representou a fagocitose feita por macrófagos. Como apoio, projetamos vídeos que ilustraram a dinâmica desses processos. Por fim, Dona Maria retornou ao consultório médico já com seu hemograma pronto. Um hemograma representando um quadro de infecção bacteriana foi projetado, e Dona Maria, muito curiosa, fez várias perguntas ao médico, que a ensinou como interpretar um hemograma e qual origem dessas células que compõe o sistema imunológico.
                  Como balanço geral dessa experiência inicial, podemos dizer que saímos bastante satisfeitos com a reação dos alunos à nossa proposta. De modo geral, houve muita participação, tanto no sentido de responderem às questões que levantávamos a fim de fomentar discussão, bem como no sentido dos mesmos levantarem muitas questões. Isso nos indicou que o raciocínio imunológico que estávamos expondo estava sendo acompanhado, uma vez que foram perguntas feitas a partir de reflexão  sobre a informação que estávamos levando, e não puramente do não entendimento sobre aquilo que falávamos. Desse modo, toda a equipe terminou o dia com uma empolgação maior do que começou, certos de que estamos no caminho de construir um bom trabalho que, além de contribuir imensamente na formação dos graduandos e pós-graduando envolvidos, também possui uma grande relevância social.

Imunologia nas Escolas USP - Ribeirão Preto
Coordenadores do Projeto:
Prof. Dra. Beatriz R. Ferreira - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP)
Prof. Dra. Fabiani Gai Frantz - Faculdade de Ciência Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP)
Prof. Dra. Vanessa Carregaro Pereira - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP)
Prof. Dra. Vânia L. D. Bonato - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP)

Equipe da primeira atividade:
Alexandre Souza
Laís Amorim Sacramento
Maria do Carmo Souza
Murilo Solano Dias
Estela R. Cardoso ( Graduanda - FCFRP)


Parte da equipe. Da esquerda para direita: Maria do Carmo Souza, Paulo Henrique Melo, Fabiana Albani Zambuzi, Prof. Vânia Bonato, Laís Sacramento, João, Alexandre Souza, Estela Cardoso e Murilo Solano Dias.

Acesse a página do Facebook para acompanhar este trabalho e visualizar as fotos tiradas durante as apresentações: 
https://www.facebook.com/pages/Projeto-Imunologia-nas-Escolas-USP-Ribeir%C3%A3o-Preto/527079130685177

Post de Murilo Solano Dias (FMRP-IBA)


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3 comentários:

  1. Parabéns pelo trabalho... se alguns, dentre os muitos alunos que passarão por essas salas de aulas, desenvolverem o espírito crítico e a possibilidade da integração de conteúdos pedagógicos com seu cotidiano será um grande ganho.
    É preciso estimular o desejo investigativo no aluno, e despertá-lo para a importância de conhecer, aprender, compartilhar e aplicar a ciência.
    Abs

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  2. Excelente iniciativa na época da minha graduação eu participei de um programa parecido com esse que rende frutos até hoje. Parabéns a todos.

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