Post de Graziele Manin,
Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP).
A autofagia é definida genericamente como um processo que
controla a quantidade e a qualidade da biomassa intracelular de células
eucarióticas através da autodigestão de componentes citoplasmáticos (Deretic and Levine, 2009).
Recentemente, tem sido demonstrado que as células eucarióticas também utilizam
a via da autofagia como defesa contra patógenos intracelulares, levando a
degradação destes em lisossomos.
No artigo publicado na Sciencexpress em outubro de 2012 (aqui), o
grupo de Craig R. Roy mostrou que a bactéria Legionella pneumophila também é capaz de inibir a autofagia em
macrófagos, o que favoreceria sua multiplicação e sua sobrevivência no
hospedeiro, diferentemente do que se acreditava até o momento. Anteriormente,
em artigo publicado na Cell Microbiology em 2005, Amer e Swanson haviam
mostrado que macrófagos eram capazes de ativar a maquinaria celular autofágica
como resposta imediata a infecção por L.
pneumophila (Amer and Swanson, 2005).
No artigo da Sciencexpress, os cientistas mostram que o
processo de inibição da autofagia por L.
pneumophila é dependente do sistema de secreção do tipo IV da bactéria
(Dot/Icm), responsável pela secreção de proteínas efetoras bacterianas no
citoplasma da célula hospedeira, e que a bactéria interfere em etapa inicial e
fundamental do processo de autofagia de forma irreversível . Mais
especificamente, foi demonstrado que a proteína efetora RavZ, secretada pelo sistema Dot/Icm, inibe a
autofagia por funcionar como uma cisteína protease que tem a capacidade de
desconjugar a proteína Atg8 de lipídeos presentes na membrana do autofagossomo,
gerando produtos proteicos que não possuem a glicina na porção C-terminal que é necessária para a reconjugação da Atg8
por Atg7 e Atg3.
Este artigo elegantemente evidencia um importante modelo de
subversão da resposta do hospedeiro durante a infecção que pode contribuir com
o estudo da imunidade inata.
Vale a pena conferir!
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