Os
conceitos que norteiam a base da imunologia ecológica são de grande importância
para as áreas de saúde e medicina. Eles nos permitem, por exemplo, compreender
a variabilidade das respostas imunes entre populações, relacionar com o surto
de doenças em humanos como em animais de importância econômica [2,3].
Daphnia
magna-Pasteuria ramosa:
um modelo de estudo em imunoecologia
Daphnia
são pequenos crustáceos de água doce (~ 1-3 mm), utilizados em investigações de
diversas áreas, incluindo toxicologia, ciclo de vida, fisiologia, nutrição e
parasitologia. Daphnia foi objeto de estudo de Metchnikoff em 1884 em seu
trabalho pioneiro sobre imunologia celular de invertebrados. Interessante
é que no campo, a obtenção de dados epidemiológicos é relativamente simples,
porque a carapaça clara de Daphnia permite a identificação fácil de
infecções por bactérias, por exemplo [4]. Na fotografia da esquerda, D.
magna está saudável (observe os embriões no interior da câmara), enquanto
a fotografia da direita, D. magna está infectada com a bactéria Pasteuria
ramosa, que inviabiliza o desenvolvimento dos embriões, observe a câmara
de criação vazia (uma clara indicação de redução na capacidade de reprodução da
D. magna). Epidemias são comuns e
graves neste sistema, mas altamente variável no espaço e no tempo. Este sistema
permite medidas de densidade de bactérias, devido à facilidade na determinação
do número de bactérias/hospedeiro além de medidas da magnitude da resposta
imune. Além disso, o tempo de geração de Daphnias é curto (cerca de 10 dias) e
possibilita o estudo em tempo real da evolução da resposta antiparasitária.
De
qualquer maneira, até que a dificuldade para utilizar camundongos e ratos em
estudos de imunologia diminua, é bom deixar a mão o material para coleta destes
crustáceos superinteressantes. Mas, eu estou tão acostumado com o modelo de hospedeiro-vertebrado!
Quem sabe minha draga não traz um “zebrafish”...
Referências Bibliográficas:
[1] Sheldon BC, Verhulst S (1996) Ecological immunology:
costly parasite defences and trade offs in evolutionary ecology. Trends in Ecology
& Evolution. 11:317–321.
[2] Ben M,
Schmid-Hempel P (2009)
Principles of ecological immunology. Evol
Appl. 2 (1): 113–121.
[3] Tripet F,
Aboagye-Antwi F, Hurd H (2008) Ecological immunology of mosquito-malaria
interactions. Trends in Parasitology.24:219–227.
[4] Graham AL, Shuker
DM, Pollitt LC, Auld SKJR, Wilson AJ, Little TJ (2011) Fitness
consequences of immune responses: strengthening the empirical framework for
ecoimmunology. Function Ecolology. 25 (1):5-17.
Nenhum comentário:
Postar um comentário