Dra. Lalita Ramakrishnan,
University of Washington, Seattle, USA
Os estudos recentes utilizaram os tecidos
transparentes de larvas do peixe-zebra - que permitem a visualização
microscópica da formação do granuloma ao vivo – e também granulomas hepáticos
no camundongo. Com surpresa, foi verificado que a entrada de macrófagos no granuloma é inteiramente controlada pelas
bactérias, e não pelo sistema imune. Bactérias virulentas expressam
produtos do locus RD1, um sistema de secreção do tipo VII, incluindo a proteína
ESAT6. ESAT6 é liberada de micobactérias extracelulares, e também de macrófagos
infectados através da formação de poros.
ESAT6 induz a produção de MMP9 (metaloproteinase de matriz-9) pelo epitélio.
MMP9 é o principal agente recrutador de novos macrófagos pelo granuloma (ver
Figura). Macrófagos recrutados entram nos granulomas e permanecem altamente
móveis e emitindo membranas, até
encontrar e fagocitar vesículas de macrófagos infectados que morreram por
apoptose. Estes restos contêm bactérias viáveis, e as bactérias vão crescer
nestes novos macrófagos, amplificando a infecção. A fagocitose de corpos apoptóticos inativa as funções microbicidas do
macrófago, tornando-o uma “incubadora” de bactérias. Embora a infecção
cause necrose e apoptose de macrófagos através de ESAT6, a necrose tem um
efeito ainda mais deletério para o hospedeiro. Isto é porque a necrose vai
liberar bactérias no meio extracelular e, ao contrário do que se pensava, micobactérias crescem de forma exuberante
no meio extracelular, sendo fagocitadas e amplificando mais a infecção.
Figura. Mecanismo de recrutamento de
macrófagos para granulomas através da indução de MMP9 em células epiteliais. A
proteina de M. tuberculosis ESAT6
pode ser liberada de bactérias extracelulares (consequência de necrose de
macrófagos infectados) ou de macrófagos infectados íntegros, através do sistema
ESX-1 de formação de poros, que é codificado pelo locus de virulência RD1.
ESAT6 induz secreção de MMP9 por células epiteliais, que por sua vez induz
motilidade exacerbada e recrutamento de novos macrófagos por um mecanismo não
totalmente esclarecido (retirado da referencia 1).
Outro dogma derrubado foi de que o TNF seria responsável pela formação do granuloma, e que na ausência de TNF, os granulomas não se formam e a infecção é mais grave. Os novos estudos mostraram que, na ausência de TNF, os granulomas são formados de forma mais acelerada (referência 4). No entanto, as bactérias proliferam mais, e levam os macrófagos à necrose. O excesso de necrose é que destrói a estrutura dos granulomas, dando a impressão de que eles não haviam sido formados.
Os estudos com o peixe-zebra confirmaram que a disseminação da infecção se dá pela
emigração de macrófagos infectados do granuloma primário e estabelecimento
de granulomas à distância. Portanto, através dos produtos do locus RD1, as micobactérias
exploram processos que normalmente são protetores para o hospedeiro - como
apoptose, quimiotaxia de macrófagos e fagocitose de células apoptóticas – para
aumentar o seu número e consolidar a infecção.
Referências:
1. Ramakrishnan L. Revisiting the
role of the granuloma in tuberculosis. Nat Rev Immunol. 12: 352-366, 2012.
2. Volkman HE, Pozos TC, Zheng J,
Davis JM, Rawls JF, Ramakrishnan L. Tuberculous granuloma induction via
interaction of a bacterial secreted protein with host epithelium. Science. 327:
466-469, 2010.
3. Davis JM, Ramakrishnan L. The
role of the granuloma in expansion and dissemination of early tuberculous
infection. Cell. 136: 37-49, 2009.4. Clay H, Volkman HE, Ramakrishnan L. Tumor necrosis factor signaling mediates resistance to mycobacteria by inhibiting bacterial growth and macrophage death. Immunity. 29: 283-294, 2008.
Excelente post George!!!! Muito informativo e interessante!! Abraco Josi
ResponderExcluirObrigado Josi !
ResponderExcluir