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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Nova oportunidade de vacinação contra Tuberculose?





A tuberculose ainda é um sério problema de saúde pública e o Mycobacterium tuberculosis é responsável pelo maior número de mortes que qualquer outro agente infeccioso. Esses dados me surpreendem já que a tuberculose pode ser curada clinicamente com antibióticos e o BCG, uma vacina viva, está disponível para uso. Em nosso País, o MS indica o uso para todos os indíviduos logo após o nascimento.

Entretanto, essas medidas são insuficientes por algumas razões: 1) BCG protege efetivamente apenas tuberculose em neonatos ou formas graves em crianças. Essa vacina falha na proteção da TB pulmonar em adultos, a forma mais prevalente. 2) A terapia anti-TB requer pelo menos 6 meses, um esquema terapêutico que apresenta falhas devido à baixa adesão, aumentanto o risco de desenvolvimento de resistência. 3) Aumento da infecção pelo HIV, e consequente imunossupressão, influenciaram o ressurgimento da TB em inúmeros locais do Globo.

Para conseguir atingir a meta de eliminar a TB até 2050 (Plano Stop-TB) precisaremos de uma vacina efetiva (além de avançar nos métode diagnósticos e novas terapias). (Ou, esperando a equilíbrio completo Mtb-hospedeiro, para quem não acredita em vacinas contra tuberculose ou malária. Dos infectados nos tempos atuais, estima-se que apenas 5-10% desenvolverão doença TB ativa.)

Um artigo recente publicado pelo grupo do Peter Andersen na Nature Medicine demonstrou uma nova vacina de subunidade, H56, que combina 2 antígenos de Mtb expressos durante a infecção inicial (ESTA-6 e Ag85) e 1 antígeno induzido durante fase de latência (Rv2660c). Esta vacina estimula as respostas de células T contra todos os 3 antígenos e confere uma proteção superior ao BCG (para quem trabalha com Mtb em modelos experimentais, sabe que isso é algo muito difícil de se conseguir!).

Na minha análise, uma característica muito importante deste antígeno foi o fato de que os investigadores observaram uma alta proteção contra o desafio com Mtb em condições experimentais onde animais foram expostos antes ou depois da infecção. Esta última condição é fundamental e sugere que essa vacina pode estimular uma resposta de célula T em Mtb latente. Entretanto, o modelo de infecção experimental em camundongos utilizado no paper não é adequado para estudar infecção latente.

Para quem estiver interessado, pode ler o paper aqui.

Literatura citada:

Aagaard C, Hoang T, Dietrich J, Cardona PJ, Izzo A, Dolganov G, Schoolnik GK, Cassidy JP, Billeskov R, Andersen P. A multistage tuberculosis vaccine that confers efficient protection before and after exposure. Nat Med. 2011 Feb;17(2):189-94. Epub 2011 Jan 23.

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