Heligmosomoides Polygirus Bakeri (Hpb) - parasito intestinal murino
amplamente utilizado como modelo para infecções helmínticas humanas em animais
de laboratório. Fonte: Fotografia de Constance Finney, abril de 2015; http://www.inbionet.eu/blog/
Helmintos intestinais são
reguladores potentes do sistema imune do hospedeiro e estudos prévios sugerem
que infecções com parasitos intestinais podem melhorar doenças inflamatórias,
como a asma alérgica. Em estudo recente publicado na revista Immunity, o grupo
liderado pelo Dr. Nicola L. Harris do Global Health Institute, École
Polytechnique Féderále em Lausanne na Suíça avaliou se esta atividade
antiinflamatória é puramente intrínsica à infecção helmíntica ou se também é induzida
pela microbiota local. Nesse estudo, foi investigada a possibilidade que
helmintos intestinais modularem doenças alérticas, pelo menos em parte, induzindo
alterações na microbiota intestinal.
Os pesquisadores mostraram que a
infecção murina crônica pelo helminto Heligmosomoides
polygyrus bakeri (Hpb) alterava o microambiente intestinal. A alteração
provocada pela infecção helmíntica na flora bacteriana intestinal contribuía
para atenuar a inflamação alérgica de vias aéreas. A capacidade imunomoduladora
da infecção helmíntica poderia ser transferida por meio de transplante fecal e
correlacionada com uma disponibilidade aumentada de ácidos graxos de cadeia
curta (short chain fatty acid-SCFA),
quando comparada aquela apresentada por camundongos não infectados. Uma
associação direta entre helmintos induzindo aumento de SCFAs e a capacidade
desses organismos em atenuar inflamação alérgica de vias aéreas foi mostrada,
utilizando-se camundongos deficientes do receptor cognato para SCFA, GPR41,
também conhecido como receptor 3 de ácidos graxos livres (FFAR3). Evento
similar também acontece em humanos, já que indivíduos infectados por helmintos
têm elevados níveis de SCFAs.
Apenas a transferência da
microbiota modificada pelo Hpb era suficiente para mediar proteção contra a
asma alérgica. A secreção de citocinas antiinflamatórias induzidas pelo hpb e a
atividade supressora de células T reguladoras que medeiam a proteção requerem a
participação de GPR-41. Uma alteração similar no potencial metabólico de comunidades
bacterianas intestinais foi observada com diversas espécies de hospedeiro e
parasitos, sugerindo que este representa um mecanismo conservado evolucionário
nas interações helmintos-hospedeiros. Esses dados indicam que helmintos não
somente modulam o sistema imune diretamente, como também produzem impacto nas
doenças alérgicas de vias aéreas por aumentarem metabólitos moduladores
bacterianos imunoderivados.
Referências
1. Zaiss MM, Rapin A, Lebon L, Dubey
LK, Mosconi I, Sarter K, Piersigilli A, Menin L, Walker AW, Rougemont J,
Paerewijck O, Geldhof P, McCoy KD, Macpherson AJ, Croese J, Giacomin PR, Loukas
A, Junt T, Marsland BJ, Harris NL. The Intestinal Microbiota Contributes to the
Ability of Helminths to Modulate Allergic Inflammation. Immunity. 2015 Oct 27.
pii: S1074-7613(15)00397-0. doi: 10.1016/j.immuni.2015.09.012. [Epub ahead of
print].
2. Zaiss MM, Harris NL. The
interaction of commensal intestinal bacteria with helminth parasites. Parasite
Immunol. 2015 Sep 8. doi: 10.1111/pim.12274. [Epub ahead of print].
3. Maslowski KM, Vieira AT, Ng A,
Kranich J, Sierro F, Yu D, Schilter HC, Rolph MS, Mackay F, Artis D, Xavier RJ,
Teixeira MM, Mackay CR. Regulation of inflammatory responses by gut microbiota
and chemoattractant receptor GPR43. Nature. 2009 Oct 29;461(7268):1282-6. doi:
10.1038/nature08530.
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