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domingo, 11 de outubro de 2015

Journal Club IBA: IL-26: A Killer Cytokine



Figura 1. a). Mecanismo de atuação da IL-26 contra infecção por bactérias extracelulares. b). Atuação da IL-26 no reconhecimento de DNA endógeno e possível contribuição no desenvolvimento de doenças autoimunes. 


É bem caracterizado que as células Th17 desempenham importante papel no desenvolvimento de doenças autoimunes. Entretanto, embora se saiba que esta subpopulação tenha importante papel na resolução de infecções microbianas, nem todos os mecanismos exercidos por estas células são caracterizados num contexto de uma doença infecciosa. Sabe-se que, durante determinadas infecções fúngicas, parasitárias e bacterianas, altos níveis de quimiocinas e IL-22 são produzidas por estas células. Enquanto as primeiras atraem polimorfonucleares e células fagocíticas que auxiliam na eliminação do patógeno, a última induz a produção de peptídeos antimicrobianos por células epiteliais. Em trabalho realizado por Meller e colaboradores, publicado em julho deste ano na revista Nature Immunology, caracterizou-se  mais um dos mecanismos pelos quais as células Th17 atuam na eliminação de agentes infecciosos, via produção de IL-26. Esta citocina, cujo papel é pouco caracterizado, até então havia sido descrita como uma importante ativadora de vias de sinalização que culminavam na ativação de ERK e JNK, bem como de AKT, com conseqüente transcrição de genes moduladores da resposta imune. Este trabalho demonstrou que a IL-26 atua de forma bastante peculiar para uma citocina convencional. Observou-se que esta citocina apresenta características catiônicas e anfipáticas e, quando em forma de multímeros, apresenta atividade microbicida, ligando-se diretamente na parede celular tanto de bactérias extracelulares gram-negativas quanto de gram-positivas, promovendo poros na superfície bacteriana, de modo muito semelhante a peptídeos antimicrobianos classicamente descritos, como beta defensinas e catelicidina. Após a liberação do DNA bacteriano, a IL-26 tem a capacidade de se ligar a esse DNA formando partículas insolúveis. Esses complexos são internalizados via heparansulfato por células dendríticas plasmocitóides (pDCs) , e reconhecidos por TLR9 endossomal, induzindo grande produção de IFN-α por essas células. Contudo, também foi observado que, em um contexto de infecção e/ou inflamação, no qual ocorre lesão tecidual e a possível exposição de material genético do hospedeiro, a IL-26 também apresenta a capacidade de ligação a esse DNA endógeno, fazendo com que ele também seja reconhecido via TLR9 em pDCs, culminando igualmente na produção de IFN-α. Esse último fenômeno pode atuar como contribuinte para o surgimento de doenças autoimunes, visto que a IL-26 esteve aumentada em lesões de pele de pacientes com psoríase em comparação à indivíduos saudáveis. Em suma, o trabalho elucida o papel de IL-26 em processos inflamatórios/ infecciosos e abre novas perspectivas para o estudo detalhado de sua estrutura e função.

Referências:  
 Meller, S.; Di Domizio, J.; Voo, K. S. et al. TH17 cells promote microbial killing and innate immune sensing of DNA via interleukin 26 (2015). Nature Immunology.  doi:10.1038/ni.3211


Post por Taline Klein e Marcela Davoli (doutorandas FMRP-USP/IBA)

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