Quimiocinas
e seus receptores formam uma grande família de moléculas os quais controlam a
migração de muitos tipos celulares em nosso organismo. Desde a década de 80 estudos
demostram que além de regular o tráfego de células tumorais, também se
demonstrou o envolvimento de células de defesa participando deste processo,
como por exemplo, os macrófagos. Estes apresentam um fenótipo distinto e são
denominados como macrófagos associados a metástases (MAMs). MAMs são derivados
de monócitos inflamatórios os quais são recrutados aos sítios tumorais em
resposta à quimiocina CCL2. Células tumorais de mama expressam receptores para
quimiocinas, e recentemente, Kitamura e colaboradores utilizando modelos
murinos, elucidaram um novo papel para a cascata de quimiocinas induzida por
CCL2, a qual aponta para o recrutamento de macrófagos e sua retenção em
metástases pulmonares.
Logo, CCL2 tornou-se
um alvo terapêutico atrativo, mas, anticorpos contra CCL2 demonstraram ser
ineficientes em humanos. Além disso, a diminuição da sinalização por CCL2 levou
a um aumento na susceptibilidade a infecções em modelos de camundongos. Isto
levou a uma busca por novos alvos.
Kitamura e cols.
observaram que MAMs que expressam o receptor CCR2 (para CCL2) prontamente
secretam outra quimiocina, a CCL3. A secreção de CCL3 resultou em um aumento da
interação entre macrófagos e células tumorais, em parte através da integrina a4
e prolongaram a retenção de MAMs nos sítios de metástases. A deleção do gene
para CCL3 ou seu receptor CCR1 em macrófagos reduziu o número de focos de
metástases pulmonares bem como o número de MAMs acumulados nos tumores em
camundongos (Figura 1). A transferência de monócitos inflamatórios de animais wild type aumentou o número de focos
metastáticos em animais deficientes de CCL3. Também parece que a expressão de
CCL3 induzida por CCL2 é específica para macrófagos pro-metastáticos, o que
leva a excitante possibilidade de identificar alvos mais efetivos em MAMs. Mais
estudos, no entanto são necessários para a compreensão de mecanismos
moleculares que promovam estas interações celulares.
Em conclusão, a deficiência de CCR1 previne a retenção de MAMs nos
pulmões reduzindo sua interação com células tumorais. A ativação da cascata por
CCL2 promove a disseminação de células malignas da mama e infere-se que a
inibição de CCR1 deva reduzir o processo metastático com menor prejuízo sobre
mecanismos efetores normais, do que o bloqueio em níveis mais iniciais da
cascata.
Figura 1. Camundongos knockouts para o receptor CCR1 apresentam menor retenção de MAMs em
metástases pulmonares de câncer de mama. Microscopia de fluorescência
demonstrando imagem do pulmão de camundongos 24 horas após a injeção de células
de cancer de mama. Em verde, células tumorais; em vermelho células Cd11b; em
azul, núcleo celular e seta demonstrando a interação entre células mielóides e
células tumorais. Escala: 10 μm.
Referências
Bottazzi B, Polentarutti N, Acero R, Balsari A, Boraschi D, Ghezzi
P, et al. Regulation of the
macrophage content of neoplasms by chemoattractants. Science 1983; 220:210–2.
Mantovani A, Bottazzi B, Colotta F,
Sozzani S, Ruco L. The origin and function of tumor- associated macrophages.
Immunology Today 1992; 13:265–70.
Kitamura T, Qian B-Z, Soong D, Casseta L,
Noy R, Sugano G, Kato Y, Li J, Pollard W. CCL2-induced chemokine cascade promotes breast cancer metastasis by
enhancing retention of metastasis-associated macrophages. The Journal of
Experimental Medicine, 2015; 212: 1043-59.
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