O sistema imune inato
possui receptores (PRRs) especializados em reconhecer padrões conservados de
agentes infecciosos, os PAMPS. No caso de infecções virais, os principais PAMPS
são os ácidos nucleicos dos vírus, reconhecidos predominantemente por
receptores intracelulares, como os do tipo Toll e RIG. No trabalho de Holm ecolaboradores, foi demonstrada a existência de um mecanismo de detecção e
ativação do sistema imune inato independente da mobilização dos PRRs e induzida
apenas pela fusão entre envelopes virais e células-alvo. O trabalho mostra que
a fusão vírus-célula estimula uma resposta de interferon tipo I, com expressão
de genes estimulados por interferon (ISGs), recrutamento in vivo de leucócitos
e potencialização da sinalização via TLR7 e TLR9. A resposta imune dependente
de fusão é dependente da molécula adaptadora STING, mas independente do
reconhecimento de ácidos nucléicos ou componentes do capsídeo viral. Os
pesquisadores sugerem que a fusão de membrana é sentida como um sinal de
perigo, com implicação potencial para defesa contra vírus envelopados e para
formação de sincícios e células gigantes.
No trabalho de Noyce et al., publicado em 2011, a perturbação
de membrana como gatilho para a atividade antiviral já havia sido proposta, no
entanto, a resposta observada era independente da produção de interferons do
tipo 1. Em ambos os estudos foi demonstrada a dependência da molécula
adaptadora STING nesse processo, que assim como em outras vias de ativação
intracelulares ativa a kinase TBK1 a fosforilar o Fator Regulador de
Interferon3 (IRF3), que por sua vez, exerce seu papel no núcleo, transcrevendo
genes de interesse.
Holm et al. quebram alguns paradigmas e acabam deixando mais perguntas
do que respostas. Entretanto, trata-se de um ótimo trabalho, que suscita
interessantes elucubrações! Recomendamos a leitura!!
Post de Rafael de Queiroz Prado
e Eduardo Crosara Roncolato.
Muito interessante! Realmente é de se esperar que as células tenham mecanismos inatos além da ativação PAMP-PRR, e como já dito, esses trabalhos levantam mais perguntas.
ResponderExcluirPor exemplo, várias bactérias e fungos realizam endocitose ativa dependente de adesinas, que geralmente não são ligantes de PRRs, mas são capazes de induzir protusões da membrana. Não poderíamos pensar que este primeiro contato já seja capaz de ativar esta célula infectada?
Bom domingo a todos!