quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Inflamassoma e Diabetes tipo-2
Fonte: Inflammasomes and rheumatic diseases: evolving concepts
Ann Rheum Dis 2008;67:1382-1389
Por Estela Pereira e Dario.
Um tema que continua em destaque na imunidade inata são os receptores de reconhecimento padrão (PRRs) e suas vias de sinalização. Diversos trabalhos publicados em revistas de alto impacto já reportaram o papel de inflamassomas de caspase-1 como plataformas moleculares ativadas por DAMPs ou PAMPs, que culminam em maturação e liberação da citocina pró-inflamatória IL-1β. Neste mês, será publicado na Nature Immunology um artigo interessante que reporta a ativação do inflamassoma de Nlrp3 (Nalp3) por uma molécula endógena com consequente ligação ao desenvolvimento e amplificação do quadro de Diabetes Mellitus tipo-2.
Os pesquisadores demostraram que um polipeptídeo amilóide produzido no pâncreas é capaz de ativar o inflamassoma e a liberação de IL-1β favoreceria o desenvolvimento e/ou o agravamento do Diabetes Mellitus do tipo 2. Esse polipeptídeo seria fagocitado pelos macrófagos e células dendríticas das ilhas pancreáticas, o que potencializaria o processamento da citocina, a qual por sua vez causaria a morte das células do tipo beta, responsáveis pela secreção de insulina.
Ao contrário do Diabetes do tipo 1, cuja origem é bem descrita e ligada à auto-imunidade, pouco se sabe sobre a patogênese do diabetes tipo 2. Além de abordar sobre uma doença sabidamente importante e apontar uma possível via de tratamento por meio de inibição do inflamassoma, esse artigo é extremamente interessante e soma-se a outros que descreveram a importância dos inflamassomas e NLRs no desenvolvimento de doenças inflamatórias crônicas.
Em uma revisão recente, publicada na revista Cell, Schroder e Tschopp listam algumas moléculas já descritas como "ativadoras" do inflammasoma. Entre elas encontram-se o ATP extracelular, glicose, MSU, silica, asbestos, alumen, substâncias irritantes para pele, entre outras. Tais moléculas contribuem para a "montagem" do inflamassoma por mecanismos ainda não completamente elucidados. Em situações patológicas, o inflamassoma pode ser ativado por essas moléculas e levará ao desenvolvimento de doenças como: febre do Mediterrâneo, artrites piogênica e reumatóide, vitiligo, malária (ainda controverso), hipertensão, doença de Alzheimer, entre outras. A lista é grande e vale a pena conferir e acompanhar o desenvolvimento das descobertas na área.
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