No meu
último texto, aqui para o blog, trouxe um tema com o qual ainda estamos nos
familiarizando. Seja pela novidade em abordá-lo, dentro dos programas de pós
graduação nas universidades, ou no contexto dos institutos de pesquisas, ou ainda
pela falta de costume de se abordar esse assunto dentro do cotidiano de um laboratório
profissional. Me refiro a um adolescente participando ativamente em grupo de
pesquisa: os estágios de jovens do ensino médio na ciência, a chamada pré
iniciação científica (Pré-IC).
Uma questão
que me perseguia logo no início da minha trajetória no ensino de ciências para
adolescentes: “Alguns estudantes do ensino médio realizam o estágio, poucos,
após terminar o estágio procuram a carreira científica. O que fazer para que
esse número aumente?”. De fato, essa entrada de alunos para o estágio e a saída
motivada para a carreira científica não é objetiva e lógica. Não é um fenômeno
que pode ser explicado de forma matemática, em uma equação para achar uma
incógnita. Nesse caso não há incógnitas e nem números. Não há medidas. Afinal,
como avaliar esse tipo de investimento na educação científica? Não há técnicas,
existe apenas a avaliação de um vasto campo da vivência que é individual e
intransferível: a experiência.
Para muitos
alunos do ensino médio a palavra Ciência
só remete a uma disciplina escolar com datas para provas, cheia de nomes e
alguns outros cálculos para resolver. O lado Ciência que conhecemos uma vez pesquisadores, para eles é mundo
completamente distante, inacessível e que apenas pessoas de especiais habilidades
podem ter acesso. A oportunidade que alguns têm de entrar nesse mundo e
frequentar a universidade por alguns meses pode ser significativo para o resto
da vida. Faz mudar significados. Para alguns pode ser a descoberta da real ciência,
para outros tantos: a descoberta do conhecimento, para outros a visão de uma
forma de viver, para outros ainda é o pisar na universidade. Porém, para a
maioria esmagadora, são portas de possibilidades que estão se abrindo onde
antes não existia nada ou que se abrem diante a uma tremenda confusão de
informações, típicas dessa idade. E a isso chamo da avaliação pela experiência.
Quanto aos
números de quantos alunos de ensino médio que participam das Pré-IC que serão
cientistas experimentais, parecidos com nós, esses são importantes sim. Ficamos
felizes quando brota um mini-cientista das Pré-ICs, que escolhem cursos na
universidade iguais àqueles que fizemos. Entretanto, há outras formas de lidar
com conhecimento nas três grandes áreas humanas, exatas e biológicas e cada um
vai encontrar o seu caminho somente experimentando.
Mas, como números que
éramos no passado, esses mesmos que se tornaram bons observadores da natureza
que somos, já que somos cientistas como classe, há dezenas de outros números encobertos,
que estão subentendidos, para serem desvelados sobre educação de jovens nesses
estágios de Pré-IC que devem ser levados em consideração. Uso como exemplo aqueles que quando os estagiários
chegam e dizem ao final do estágio (ainda que consideramos que o estudante “não
deu certo”): “Quero continuar estudando”. Enfim, podem ter certeza que deu
certo.
Por Daniel Manzoni de Almeida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário