A IL-9 foi
descoberta a mais de 20 anos e seu papel estava relacionado com a sobrevivência
de células, principalmente de linfócitos. Acreditava-se que a principal fonte
dessa citocina eram as células Th2, uma vez que elas estavam associadas a
resposta de perfil Th2, que desempenham um importante papel durante a
inflamação aérea e infecção helmíntica. Contudo, esse paradigma Th2/IL-9 foi
desafiado com a descoberta das células Th9. A geração de camundongos reporter específico para IL-9 permitiu o
estudo de células produtoras dessa citocina e revelou que em modelo de
inflamação pulmonar as células linfoides inatas (ILCs - do inglês, innate lymphoid
cells) são as principais células produtoras dessa citocina. Apesar da resposta
das ILCs no intestino em modelo de infecção por helminto estar bem
estabelecido, o papel dessas células no pulmão frente a esse tipo de patógeno
ainda não está claro. Além disso, a função da expressão do receptor de IL-9
(IL9-R), característico dessas células, ainda não foi demonstrado.
Portanto, Turner
e colaboradores (Turner
et al., 2013), em um trabalho publicado no JEM, mostrou que em um modelo de
inflamação pulmonar por Nippostongylus
brasiliensis, há um aumento no número de ILCs produtoras de IL-9. Esse
aumento é dependente de IL-9, pois camundongos deficiente nesse receptor tem
uma diminuição na quantidade dessas células. Além disso, o grupo caracterizou
essas células como ILCs do tipo 2 (ILC2s) através da produção de IL-5 e IL-13,
de marcadores extracelulares CD25, IL-7Rα e IL-33R, e dos fatores de
transcrição Rora (retinod acid
receptor-related orphan receptor α) e Gata3.
A ausência do receptor de IL-9 (IL9-R) promoveu dano pulmonar, além de
comprometer o funcionamento do órgão. O mesmo fenômeno foi observado quando as
ILC2s foram depletadas, indicando que essas células e o estímulo gerado pela
IL-9 é importante para o processo de reparo do dano causado pelo helminto. Além
disso, foi mostrado que essa sinalização regula a produção de IL-5 e IL-13,
citocinas responsáveis pelo recrutamento de eosinófilos e pela polarização de
macrófagos M2, respectivamente. A diminuição dessas duas citocinas junto com o
menor número de eosinófilos e a menor expressão de marcadores de M2 sugere uma
contribuição dessas células no maior reparo tecidual. A maior expressão de
amphiregulina, um proteína da família de fatores de crescimento epidermal,
também pode estar atuando nesse mecanismo de reparo.
De forma
contraditória, a publicação de Steenwickel e colaboradores (Steenwickel
et al., 2007), onde camundongos transgênicos com over-expressão de IL-9 têm inflamação aérea espontânea, dados observados no trabalho de Turner mostraram o papel da IL-9 como uma
citocina com função mais anti-inflamatória, envolvida em mecanismos de reparo
ao dano.
Post de Alexandre Ignácio de Souza (Mestrando
FMRP/IBA)
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