Um grupo do Vaccine and Gene Therapy Institute and Oregon
National Primate Research Center publicou na última sexta-feira um trabalho na
Science descrevendo a indução de linfócitos T CD8+ que reconhecem
epítopos não canônicos de SIV restritos a MHC classe II. A façanha foi
alcançada utilizando citomegalovírus (CMV) recombinante expressando gag para
imunização de macacos Rhesus. Os animais apresentaram resposta de linfócitos
T CD8+ incapazes de reconhecer os epítopos imunodominantes e
subdominantes clássicos que são normalmente induzidos quando outros vetores
como DNA, adenovírus, vaccínia ou o próprio SIV são utilizados. No entanto, a
resposta induzida por CMV foi muito mais ampla. Utilizando peptídeos truncados,
células expressando alelos de MHC classe II, bem como anticorpos para bloqueio
de MHC classe I e classe II o grupo demonstrou que em torno de 60% dos epítopos
de gag reconhecidos pelos linfócitos T CD8+ induzidos pelo CMV eram
restritos a MHC classe II e altamente promíscuos. Notavelmente, estes linfócitos foram capazes de reconhecer células infectadas com SIV.
A incapacidade de induzir resposta contra os epítopos canônicos foi
correlacionada com a expressão do gene Rh189 de CMV.
Além disso, o vetor utilizado no protocolo de imunização era deletado de Rh157.5, Rh157.4 e Rh 157.6 e a
ausência destes genes foi correlacionada com a capacidade de indução de
resposta contra os epítopos não canônicos restritos a MHC classe II. Conceitualmente, o trabalho sugere a
possibilidade de manipulação de vetores para indução de respostas mais amplas e
promíscuas por vacinas recombinantes. Resta saber como, exatamente, estes genes interferem com o processamento e apresentação de antígenos para linfócitos T CD8+.
Para quem quiser ler o trabalho, segue o link
Boa semana!
Jonatan Ersching
USP/Unifesp - São Paulo
Bela escolha, Jonatan. Tambem estava lendo este artigo. Realmente teria de ver se isso também acontece na infecção por CMV pra seus epitopos - fiquei curiosa. Vem ai a onda da promiscuidade...
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