Buscando por um artigo imunológico não armamentista, deparei com uma revisão interessante, publicada este ano na Brain, Behavior, and Immunity (Vol 24, Issue 1, Pages 9-16). Os pesquisadores alinhavaram trabalhos da neuroimunologia e da imunologia das mucosas e propuseram um modelo que confere ao microbioma intestinal um papel importante no desenvolvimento neuronal e plasticidade, modulando a percepção da dor e comportamento. Ou seja, o padrão dos 1014 microorganismos presentes em seu intestino pode sim afetar, por exemplo, o seu humor. Não dava para esperar nada diferente da microbiota intestinal: composta por aproximadamente mil espécies, grande parte ainda desconhecida, e pesando em média um quilo, também conhecida como “órgão esquecido”.
Imagine esta variedade de microorganismos produzindo as mais diversas substâncias, como produtos de fermentação (ácidos graxos de cadeia curta), moléculas neuroativas (GABA) e constituintes bacterianos imunoestimulatórios (lipossacarídeos, DNA), com efeitos diretos e indiretos no epitélio intestinal, no sistema imune local e suas citocinas, assim como no sistema nervoso entérico e central (veja modelo abaixo).
Desordens neurológicas serão no futuro tratadas por meio da manipulação da microbiota intestinal? Estou curiosa para ouvir o que os neuroimunologistas pensam sobre o assunto...
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