De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o atual surto do vírus Ebola é o maior
desde que a doença apareceu pela primeira vez em 1976, totalizando mais de
13700 casos e mais de 4900 mortes. Anteriormente
conhecida como Febre Hemorrágica Ebola, tem o seu nome derivado do primeiro
surto identificado em uma aldeia próxima do Rio Ebola na República Democrática
do Congo. Desde então, outros
surtos menores ocorreram em aldeias remotas no oeste e centro da África, perto
de florestas tropicais (1).
Cinco espécies do vírus foram identificadas: Zaire ebolavirus, Bundibugyo
ebolavirus, Sudan ebolavirus, Taï Forest ebolavirus e Reston ebolavirus, das quais todas, com
exceção da última, causam doença em humanos (2). Zaire ebolavirus,
causador do surto atual, anteriormente apresentava uma taxa de mortalidade de
90%, mas atualmente estima-se uma taxa de 70%. (3)
As
infecções pelo vírus Ebola são caracterizadas por uma rápida e potente
supressão decorrente da ativação das respostas imunes inatas antivirais sistêmicas
conhecida como tempestade de citocinas (1). Esta é responsável pelo comprometimento vascular e
hemorragia, levando a falência de múltiplos órgãos, choque e até mesmo a morte
(1). A transmissão se dá pelo contato direto com fluidos
corporais de pessoas ou animais contaminados. Morcegos
frutívoros são considerados os hospedeiros naturais do vírus Ebola. O período de incubação do vírus é de
aproximadamente 11 dias (3).
Inicialmente os sintomas são inespecíficos, mas geralmente incluem febre,
fraqueza e diarreia (3).
Porém, nos últimos estágios da doença, a pessoa infectada apresenta sintomas
mais graves como hemorragia generalizada, perda da consciência, convulsões,
entre outros.
Fig 1. Transmissão do
vírus Ebola.
O vírus
Ebola é envelopado, não segmentado e com cadeia simples de RNA antisense
pertencente à família Filoviridae. Seu genoma é composto por sete genes:
nucleoproteína (NP), proteína viral (VP) 35, 30, 24, 40, RNA polimerase L e a
glicoproteína (GP). A NP compõe o capsídeo viral e as proteínas L, VP30 e 35
são necessárias para replicação e transcrição do RNA viral. A VP40 e 24 são
proteínas da matriz viral e auxiliam a liberação do vírus da célula hospedeira,
enquanto que a GP é a proteína que envolve o envelope viral e medeia sua
entrada na célula (4). Três delas já foram demonstradas como sendo responsáveis
pela imunossupressão: VP35, 24 e GP (5, 6, 7, 8).
Fig 2. Estrutura do
vírus Ebola. Fonte: http://viralzone.expasy.org/all_by_protein/207.html
Em respostas imunológicas
antivirais, a sinalização de interferon (IFN) desencadeia o transporte nuclear
de STAT1 fosforilado (PY-STAT1) mediado por um subconjunto de transportadores
nucleares, carioferina alfa (KPNA). Em
2006, Reid e colaboradores descobriram que a proteína VP24
do vírus Ebola (eVP24) liga-se a KPNA para inibir o transporte nuclear de
PY-STAT1 e tornar as células refratários ao IFN. Em trabalho recente publicado na Cell Host & Microbe, Xu e colaboradores definiram a base molecular pela qual a
VP24 promove essa supressão. Eles
descreveram os sítios de ligação da eVP24 e de PY-STAT1 na KPNA5 e descobriram
que eles são compartilhados. A VP24 possui um único sinal de localização
nuclear não clássico (ncNLS) que se liga a porção C terminal da KPNA5,
sobrepondo, pelo menos em parte, o sítio de ligação da PY-STAT1. No entanto, a
proteína viral possui maior afinidade pelo transportador, impedindo a
sinalização de IFN. Em contraste, a ligação de eVP24 não afeta o transporte de
proteínas com NLS clássico que podem ser necessárias para a replicação viral.
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