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domingo, 5 de junho de 2011

Journal Club-IBA: Macrófagos CD169+, Sentinelas dos linfonodos

Se alguém pede a você: “Descreva-me em duas linhas como se dá o processo de geração de uma resposta imune específica a um antígeno exposto na pele”. Você diz: “Fácil! Células dendríticas locais captam estes antígenos, migram por vasos linfáticos e chegam ao linfonodo para apresentar este antígeno, já processado, para uma célula T especifica”. “OK!...mas e se esse antígeno for pequeno a ponto de ser drenado pela linfa e chegar intacto aos linfonodos? Como é gerada a resposta contra eles?” Se você responder “Via macrófagos CD169+!!!!”, está por dentro!!!!!

Estas células residem na região subcapsular dos linfonodos (também denominada de zona de amostragem de antígenos) e são considerados filtros da linfa neste órgão. Diversos trabalhos mostram que antígenos solúveis pequenos, e em alguns casos até patógenos, que são drenados pelos vasos linfáticos, chegam intactos ao linfonodo e são retidos por estes macrófagos. Apesar de terem capacidade fagocítica reduzida, estas células expressam tanto CD169, receptor envolvido no reconhecimento direto de glicoproteínas, quanto moléculas implicadas na apresentação de antígenos na forma nativa (sem processamento intracelular), indicando seu envolvimento na geração de uma resposta imune adaptativa.

Em um trabalho chave demonstrando o papel deste macrófago no contexto de uma infecção, o grupo de Sean P. Whelan & Ulrich H. von Andrian monstrou que esses células residentes são capazes de capturar e concentrar partículas virais drenadas pela linfa, evitando sua disseminação sistêmica, além de guiá-las para a região de contato com as células B (Figura 1). Linfócitos B específicos reconhecem esses vírions na superfície dos macrófagos de forma muito mais eficiente do que se tivessem apenas sido drenadas até os folículos. Além disso, foi demonstrado que existe a ativação de células B na ausência desses macrófagos, entretanto, é necessária uma dose até 100 vezes maior de vírus para o mesmo nível de ativação. Assim, os macrófagos CD169+ são responsáveis pela geração de uma resposta muito mais rápida e eficiente quando desafiados frente à uma infecção viral.



Em janeiro deste ano uma nova peculiaridade destes macrófagos foi demonstrada. Asano e colaboradores mostraram que esses macrófagos também são capazes de realizar a apresentação cruzada de antígenos tumorais para células TCD8+ e gerar uma imunidade antitumoral adequada (Figura 2). Corpos apoptóticos de células tumorais (induzidos ex vivo por raio X ou Fas-L ou por indução in vivo com quimioterápicos) são transportados rapidamente para o linfonodo - via vasos linfáticos - e são capturados por macrófagos residentes CD11c+CD169+. A deleção desses macrófagos CD169+ impede que haja uma imunização correta dos animais e proteção contra o tumor, não havendo a apresentação cruzada dos antígenos. Um outro dado relevante foi demonstrar que a fagocitose destes corpos apoptóticos por estas células é dependente do reconhecimento de fosfatidilserina.
Dessa forma, esses macrófagos CD169+ são considerados sentinelas dos linfonodos, pois capturam e apresentam antigenos solúveis diversos - corpos apoptóticos e patógenos - que chegam até o linfonodo, gerando uma resposta humoral e celular. Esses resultados são bastante interessantes, pois favorecerão o direcionamento de novas vacinas e estratégias terapêuticas contra vírus e tumores.

Post de: Eduardo C. Roncolato, Giuliano Bonfá e Rafael Q. Prado

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