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domingo, 15 de março de 2015

Journal Club IBA: MUITOS ALVOS, MAS SOMENTE UMA VIA


Figura: Alteração no metabolismo de células T reverte a imunopatologia associada ao Lúpus Eritematoso Sistêmico


Nos últimos anos, o interesse em modular o metabolismo celular, na tentativa de identificar novos alvos terapêuticos, ganhou destaque após a descoberta de que as vias metabólicas desempenham um papel central no desenvolvimento de algumas doenças. Estudos recentes mostram que durante o período de quiescência, as células T tem baixa demanda de energia e por isso podem utilizar, alternadamente, glicose, lipídeos e aminoácidos para abastecer o metabolismo oxidativo (1, 2). No entanto, uma vez ativada, a célula precisa se proliferar e, por isso, em detrimento do metabolismo mitocondrial a glicólise prevalece (3, 4, 5, 6). Na glicólise, a glicose se transforma em piruvato, que ou é secretado da célula como lactato ou sofre conversão para acetil-CoA e entra na mitocôndria para dar início ao ciclo do ácido tricarboxilíco. Apesar do processo de glicólise produzir menos moléculas de ATP do que a fosforilação oxidativa, os intermediários gerados por essa via podem ser utilizados na biossíntese de macromoléculas. 
Yin e colaboradores testaram em modelo de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) se o tratamento com 2-deoxy-D-glicose e Metformina, as quais inibem a glicólise e a fosforilação oxidativa, respectivamente, poderia alterar a hiper-reatividade de células T disfuncionais e, dessa maneira, melhorar as evidências clínicas da doença. Os autores demonstraram que as células T CD4+ de pacientes e de camundongos suscetíveis ao desenvolvimento de LES (B6.Sle1.Sle2.Sle3) exibem um perfil metabólico distinto dos controles, com aumento tanto da glícolise como da fosforilação oxidativa e que quando as duas drogas eram utilizadas simultaneamente, essa alteração no metabolismo era revertida.  Mais interessante ainda foi que o tratamento in vivo resultou em diminuição da glomerulonefrite e menores títulos autoanticorpos.  Assim, esse trabalho fornece evidências convincentes de que a combinação 2DG com Metformina poderia ser eficaz na terapia do Lúpus.   

Comentário: Mehta, M.M. and Chandel, N.S. Targeting metabolism for lupus therapy. Science Translational Medicine, v. 7, n. 274 274fs5. 2015.

Post de Natália Ketelut e William Marciel (doutorandos FMRP/USP – IBA)

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