Voltando a falar de epigenética e resposta
imune, no post anterior (aqui)
discuti sobre alterações no perfil epigenético em células imunes induzidas por
infecções bacterianas a virais. Desta vez, trouxe um artigo que relaciona a
regulação epigenética com o controverso tema de “Trained Immunity”. Já é bem
descrito que monocitos expostos ao LPS podem entrar em um estado de tolerância
e mais recentemente, o termo “trained immunity” foi cunhado para descrever como
uma infecção inicial pode levar monócitos à uma hiperresponsividade frente a
uma infecção secundária.
O trabalho de Saeed e colaboradores
publicado na Science (2014)
mostrou a importância da regulação epigenética na diferenciação de
monócitos-macrófagos associando com “Trained Immunity” ou tolerância. No estudo
de Saeed, monócitos de doadores saudáveis foram diferenciados in vitro, e submetidos a estímulo por
β-glucan (“Trained Immunity”) ou LPS (tolerância). Desta forma, foi possível
observar os diferentes padrões epigenéticos e perfis de expressão gênica predominates
durante a diferenciação e aquisição do estado “trained” e/ou tolerante. O mais
interessante desses resultados foi a identificação de uma série de genes envolvidos
com metabolismo celular. Além disso, a aquisição do estado “trained” foi
associada com reguladores da via de sinalização do cAMP e a inibição desta
molécula impediu o desenvolvimento de “Trained Immunity” induzida por β-glucan.
The epigenome, DNase I accessibility, and
transcriptome were characterized in purified human circulating monocytes, in
vitro differentiated naïve, tolerized (immunosuppression), and trained
macrophages (innate immune memory). This allowed the identification
of pathways functionally implicated in innate immune memory. This epigenetic
signature of human monocyte-to-macrophage differentiation and monocyte training
generates hypotheses to understand and manipulate medically relevant immune
conditions.
O
conceito de “Trained Immunity” ainda será muito debatido e a associação do
estado de ativação celular através do perfil epigenético parece ser um caminho
muito promissor, especialmente como novos alvos terapêuticos para modular a
resposta imunológica inata.
Referências:
- Saeed S, et al. Epigenetic programming
of monocyte-to-macrophage differentiation and trained innate immunity. Science. 2014 Sep 26;345(6204):1251086
- Bordon Y. Macrophages: innate memory training. Nat Rev Immunol. 2014
Nov;14(11):713
- Quintin
J, et al. Innate immune memory: towards a better
understanding of host defense mechanisms. Curr Opin Immunol. 2014;29C:1-7
Patricia Assis
Pós-doutoranda
no Laboratório de Imunopatologia
CpqRR-Fiocruz/MG
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