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segunda-feira, 29 de abril de 2013

O dia da Imunologia e o Futuro dos Imunologistas


Antes de tudo, bom dia a todos e feliz dia da Imunologia!! Coube a mim a honra de exaltar pessoas brilhantes como Jenner, Pasteur, Metchnikoff, von Behring, Ehrlich, Landsteiner, Burnet, Medawar, Jerne, Doherty, Zinkernagel, Tonegawa, Allison, Mosmann, Kopfman, Steinman, alem de muitos outros que contribuíram enormemente para a consolidação da Imunologia como uma das mais promissoras vertentes da Biologia. As visões muito alem de seu tempo destes cientistas permitiram que suas observações contribuíssem para o entendimento do funcionamento do sistema imune, suas estruturas e componentes, gerando conhecimento para o desenvolvimento de vacinas seguras. Além disso, graças ao entendimento do papel das células do sistema imune hoje são possíveis e menos arriscados os transplantes de órgãos, bem como se podem controlar alguns tipos de alergias e autoimunidades.
Mas nem tudo são flores gostaria de convidá-los hoje para um momento de reflexão, pois existe uma questão que me preocupa: e o futuro dos novos Imunologistas? Explico-me, segundo dados atuais da CAPES existem 32 programas de pós-graduação da área de Ciências Biológicas III, que engloba programas na área de Microbiologia (15), Parasitologia (9) e Imunologia (8). Como existe uma intersecção muito grande entre estas 3 áreas, bem como os programas possuem linhas diversificadas de pesquisa, pode-se dizer que imunologistas são formados em praticamente todos eles. Segundo documento de área publicado em 2010, no triênio 2007-2009 foram titulados 758 mestres e 501 doutores somente por estes programas, e com certeza estes números serão ainda maiores após a análise deste triênio a ser realizada em breve neste ano. E é justamente esse fato que me tira o sono: onde estes imunologistas (e microbiologistas e parasitologistas também) irão trabalhar? Não tenho dúvida que os mais brilhantes serão absorvidos quase que de imediato pelo mercado, mas e os brilhantes ou até mesmo os bons imunologistas? Conheço muita gente capacitada e com perfil para pesquisa que por falta de oportunidade tem pulado de posdoc em posdoc para se manter ativo e presente junto aos programas nas Instituições. Digo isso porque tenho acompanhado a divulgação de concursos públicos nos últimos anos e o número de vagas específicas para imunologistas está muito aquém do número imunologistas.
Bom mas qual é o ponto que quero chegar? Acho que a evolução natural e a solução para este dilema seria a criação de novos programas, em especial nas regiões Norte e Nordeste, que são as mais carentes em termos de programas de pós-graduação. Mais ainda, que estimulássemos os pesquisadores jovens, muitos ainda não totalmente enraizados com os programas de origem onde se titularam, a ocupar estes espaços pelo Brasil. Mas esta atração só seria possível, a meu ver, com a criação de editais de infraestrutura e auxilio a pesquisa que pudessem gerar uma estrutura de pesquisa de ponta, com o fortalecimento dos programas já existentes nestas regiões. Uma vez ouvi um coordenador de um programa dizer: “Se você tem um aluno muito bom mas seu programa não o é, manda ele pra gente”. Acho que não é por aí a solução do problema, pois se mandarmos sempre os bons alunos para os programas consolidados nunca chegaremos à consolidação dos programas menores.
Enfim, acredito que esta minha preocupação também passe pela cabeça de alguns colegas, em especial àqueles que estão lutando para conseguir seu lugar ao sol. Também acho que a discussão destas e outras questões em um fórum como este Blog pode ser de grande importância para melhorarmos o futuro dos Imunologistas. Abraço.

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10 comentários:

  1. Exatamente, Caro Grisotto! Alem da.carencia de Programas de Pos especificos para Imunologia, ainda temos editais que privilegiam um professor, que circule nas tres grandes areas: Imuno/Parasito/Micro. Como se isso fosse possivel. A situacao utopica dura o tempo do concurso, e apos a admissao, nao necessariamente o contratado vai dar aulas de Imuno. Geralmente, e recrutado para as outras disciplinas, que possuem carga horaria ate major. Ja vi acontecer isso, aqui em Pernambuco. Um abraco, Dra. Paula Cassilhas.

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  2. Ótima reflexão. Esse dia tem de ser comemorado pelas nossas conquistas e importância de grandes cientistas no passado para que chegássemos onde estamos hoje.
    Mas nosso futuro é realmente preocupante. Penso muito nisso. Será que terei que me mudar para trabalhar na área?
    Vale a pena reforçar a luta da profa. Suzana Herculano-Houzel pela profissionalização da carreira do cientista.

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  3. Marcos Grisotto, excelente post! Concordo com o aspecto de fortalecer programas mais fracos e até criar novos também.. sempre prezando pela qualidade, claro.

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    1. Cara Manu,

      Sem duvida alguma, sempre tendo em mente a qualidade! Nao adianta nada termos varios programas sem qualidade, mas na minha opiniao sangue novo poderia sim ajudar e vitalizar varios programas, inclusive os mais antigos. Do jeito que esta vamos acabar perdendo varias mentes brilhantes que vao acabar ficando nos centros de pesquisas pelo mundo todo.

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  4. Caro Pira,
    na minha opinião, o grande problema da falta de vagas para imunologistas é que as empresas não absorvem NINGUÉM!
    Abraços, Tiago.

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    1. Pois é Mineo,

      Você tem razão, é muito mais fácil para as empresas se aproveitarem do conhecimento gerado nas Universidades do que criar departamentos de pesquisa e desenvolvimento. Tomara que essa situação mude. Um grande abraço, Pira.

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  5. Infelizmente muitos acabam abandonando a carreira ou passam a dar aulas para no ensino médio e fundamental utilizando apenas a formação da graduação e deixando na gaveta os títulos conseguidos na pós que lhes tomaram de 2 à 4 anos ou mais.....

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  6. Olá! Sou estudante de medicina aqui do Pará. Tenho muito interesse em imunologia. Na verdade, sou apaixonado pela imunologia!!! Fui monitor da disciplina, mas, ainda não iniciei minha carreira científica da forma como eu gostaria. Mesmo assim, pretendo tornar-me um médico-pesquisador. Tenho em mente que encontrarei enormes dificuldades. E ao ler a sua publicação, percebo que minha preocupação tem fundamento. Eu gostaria de saber se você teria algum conselho a dar para quem está se preparando para dar seus primeiros passos na área. Obrigado.

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    1. Caro Felipe,

      Fico feliz por vc gostar de imunologia, esta tb é uma grande paixão minha. Poderia sugerir que vc começasse pela Iniciação Científica. Esses programas estão sempre presentes nas Universidades e na maioria das vezes incluem bolsas de estudo. Escolha um projeto que vc goste e um orientador que trabalhe na área de Imunologia (de preferência com publicações recentes). Participe de seminários, congressos e eventos científicos e já vá pesquisando os programas de Pós-Graduação que abordam o tema para já ir se preparando para o mestrado e o doutorado. Temos aqui na UNICEUMA um mestrado em Biologia Parasitária com uma das linhas de pesquisa em Imunologia, que deve ser a mais próxima pra vc, mas veja tb outras opções. Seja organizado, estude muito, trabalhe muito no projeto e tente publicar seus resultados. Estas são minhas dicas pra vc. Abraço.

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  7. Bom dia Caro Professor Marcos Grisotto,

    Parabéns para você e todos os imunologistas deste país! Suas palavras retraram muito bem a situação atual! O Brasil precisa criar e fortalecer os polos intelectuais nas regiões mais carentes deste país ao invês de pensar apenas no fortalecimento de programas da região sul e sudeste!

    Um grande abraço. Matheus

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