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domingo, 14 de abril de 2013

Journal Club IBA: Mais um conto sobre um “inimigo”: o SAL



Nosso amigo Kalil foi o primeiro a trazer o assunto à tona em seu post em Março deste ano http://blogdasbi.blogspot.com.br/2013/03/sem-sal-nem-acucar.html, nos informando sobre trabalhos (Kleinewietfeld, M. et al., 2013; Wu, Y. et al., 2013) que mostraram o efeito do sal na geração de células Th17 patogênicas in vitro e in vivo no modelo de encefalomielite autoimune experimental (EAE). E ainda, como cada um que conta um CONTO aumenta UM PONTO, nós adicionamos aqui informações sobre um desses trabalhos, mais especificamente sobre o do Wu, Y. et al. 2013, que mostrou o mecanismo pelo qual a proteína kinase SGK1, conhecida pelo seu importante papel na regulação homeostática do sódio no nosso organismo, tem efeito na geração de células Th17 patogênicas. E por sinal ela não faz isso sozinha, na verdade depende de interações complexas com vias de sinalização intracelular e mesmo com fatores de transcrição, como o FOXO. Sim, mais uma vez o FOXO entra em ação! Ou inibição neste caso.
A SGK1 é uma proteína kinase da família das serinas/treoninas e possui homologia com a AKT, enfim, agora ficou fácil entender a relação entre SGK1 e FOXO, uma vez que a AKT está envolvida na fosforilação de FOXO e consequente inibição do mesmo. O fato é que as células Th17 cultivadas na presença de sal (40mM de NaCl, concentração que mimetiza a encontrada no interstício dos animais após dieta rica em sal) aumentam a expressão de SGK1, IL-23R, IL-17A, IL-17F, GMCSF e TNF e apresentam fenótipo patogênico que foi comprovado in vivo, uma vez que animais com EAE que receberam dieta rica em sal apresentaram maior score clínico da doença.
Sabe-se que a estabilidade do fenótipo Th17 depende da expressão do receptor de IL-23 e ainda, no modelo de EAE a via sinalização de IL-23R na célula Th17 está envolvida na indução do fenótipo patogênico levando a produção de IL-17A, IL-17F, TNF e IL-6 (Langrish, C.L. et al., 2005). Interessantemente, FOXO1 e RORγt parecem competir pela ligação na região promotora de IL23r, entretanto, quando células Th17 são cultivadas na presença de sal, há expressão de SGK1, esta é capaz de fosforilar FOXO1, inibindo a sua atividade de reprimir o gene do Il23r. E assim, RORγt na ausência de FOXO1 induz a transcrição de Il23r (Fig.1).
Em síntese, o trabalho mostra que a interação de SGK1-FOXO1 induz a expressão de IL-23R e consequentemente promove a estabilização do fenótipo patogênico de células Th17 diferenciadas na presença de sal. De maneira geral, esse trabalho abre perspectivas para novos estudos relacionando o envolvimento desses mecanismos moleculares com fatores ambientais, como o aumento do consumo de sal e na contribuição da patogênese de doenças autoimunes.


                       Fig.1. SGK1 promove expressão de IL-23R por meio da fosforilação de FOXO1.

Post de Naiara Dejani e Taise Landgraf (FMRP-IBA)

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