Então no
mês passado estive na Conferencia da Nature on Cancer Therapeuthics 2013, from
Bench to Bedside – e estava especialmente interessada pois parecia ser um
evento semelhante ao que realizaremos aqui em abril de 2014 em Angra – WWW.csc2014.com.br - sobre o qual já
postei. Era para falar de dados não publicados, dados negativos, etc pra
fomentar mesmo debate.
Começou
lindamente com uma conferencia do Roger Tsien, Premio Nobel (um dos) pela GFP.
O cara apresentou um trabalho maravilhoso com imagem em tempo real de tumor e
nervo, com marcadores específicos, acoplados a fluorocromos, que ele
desenvolveu para impedir que o cirurgião resecte nervos essenciais próximos a
tumores, quando está removendo cirurgicamente o tumor. Uma loucura, lindo
mesmo. Deu toda a conferencia sentado, ninguém entendeu bem. No final,
desculpou-se por estar sentado pois havia sofrido um derrame há dois meses e
não podia se mexer (!). Foi retirado por duas pessoas deixando uma platéia
estupefata – e ainda fascinada pelo seu trabalho. Enfim.Daí relaxei na cadeira
e me preparei pra uma conferencia de super-herois, né? Todo mundo com mil
papers nas Natures, achei que ia me divertir horrores.
Gente. Que
decepção.
Seguiram-se
várias conferencias sobre resultados ainda inconclusivos sobre os mesmos
inibidores de rotas de sempre! As pessoas falando que ainda não sabem por que
inibidores de Ras, ou Raf, ou Erk não funcionam. Idéias antigas. Carlo Croce
deu uma aula de microRNAs, mas tudo velho. Bom, Razzelle Kuzrock da UCSD falou
que microscópio era uma ferramenta do passado – que olhar o tumor in situ já
era – que agora tínhamos que fazer omics – genomics, proteomics. Quase tive um
treco. Como assim? No café falando
com as pessoas ninguém tinha idéia de imunologia whatsoever. Falavam que é ,
agora parece que esta na moda imunoterapia – isso quando eu tinha vindo de
varias reuniões de gente falando em dar o Nobel pro Jim Allison pelo
anti-CTLA-4. Pessoal tentando entender o que era um TLR, como as vezes
inflamava e era bom e as vezes não.
Minha talk
foi na sessão de microenvironment. Falaram de exossomos ( a próxima microbiota.
Trending up total). M2, Tava lá a discípula do Jeffrey Pollard, Johana Joyce.
Meh. E eu falei de GRP atraindo neutrófilos pro tumor, mostrando que o GRP não
parecia fazer nada no tumor em si, mas atraia neutrófilos para ele e que
possivelmente era isso que ajudava o tumor a crescer, etc.
Silencio
total. Acho que as pessoas não sabiam que neutrófilos existiam. Dai eu falei que
não adiantava tratar um tumor apenas com um inibidor de quinase e ignorar o infiltrado
e as alterações sistêmicas. O tumor não é uma entidade clonal. Ele é um verdadeiro
metazoário, atraindo células, fazendo divisão de trabalho entre elas. Mais silencio.
Bom, no final vieram falar comigo e me cumprimentar, mas fiquei muito triste
que não parece haver crosstalk nenhum entre cancer e imunologia, mesmo depois de tudo o que
esta acontecendo antes, mesmo de na Hallmarks of Câncer, a melhor revisão sobre
câncer, que foi revisada em 2010, sair que evasão do sistema imune é uma nova
hallmark. Tem que mudar isso.
O editor da Nature disse que vem pra Angra. Vamos
ver.
E vocês,
vem?
Esse povo está em que planeta?
ResponderExcluireu nem trabalho nisso mas quero ir pois uma conferência organizada por você será trending up total!!!
ResponderExcluirAdorei o texto, apesar da sua decepção, rsrs. "Silencio total. Acho que as pessoas não sabiam que neutrófilos existiam" só rindo pra não chorar!
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