BLOG DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE IMUNOLOGIA
Acompanhe-nos:

Translate

domingo, 22 de dezembro de 2013

Ser ou não ser HES a questão



          Após ler o livro básico, fiquei intrigada com os mecanismos que regulam a linfopoiese. Como uma célula sabe se será Linfócito T? Muitos fatores de transcrição que induzem a linhagem de células T estão definidos, porém, como os destinos alternativos são reprimidos durante este período de instabilidade ainda é obscuro.
Os primeiros modelos de hematopoiese, sem plasticidade, mostrava que uma população daria origem a uma célula T, enquanto outra população promoveria a origem das demais células imunes. No entanto, nas duas últimas décadas, estudos mostraram que o timo contém células progenitoras que retêm tanto o potencial de células mieloides quanto o potencial linfoides. Tais resultados indicam que os genes associados a células T são necessárias não apenas para transmitir um programa específico de linhagem da expressão do gene, mas talvez igualmente, ou até mais, para reprimir os destinos celulares conflitantes. O gene Hes1 (supressor induzido por Notch) representava um candidato forte para tal função, uma vez que células progenitoras deficientes de Hes1 falham em completar a diferenciação de linfócitos T no timo. O trabalho de Obaldia et al., 2013 mostra que a principal função de Hes1 é reprimir o gene envolvido com a linhagem mieloide C/EBP-α, mais que promover a proliferação  e sobrevivência dos timócitos.
O elegante trabalho publicado no mês de novembro na Nature immunology estabeleceu que existe uma alta expressão de Hes1 em linhagens comprometidas com células T, entretanto o referido gene é indetectável nas células pluripotentes da medula. Além disso, foi observado que a quantidade de C/EBP-α é alta na medula óssea e, menor em células progenitoras linfoides, e quase ausentes nas células T duplo negativas. Em conjunto esses resultados mostram uma forte correlação entre Hes1 e C/EBP-α. De maneira curiosa, a diferenciação das células mieloides, na ausência de ligantes de Notch, não é comprometida pela deficiência de Hes-1. Em contrapartida, se o supressor Hes1 não é expresso, mesmo em condições que favorecem o comprometimento com as células T, resulta em uma carência extrema na diferenciação de célula T. Estudos mostrando a perda de função elucida um antagonismo entre Hes1 e C/EBP-α. De fato, a repressão gênica de C/EBP-α em células progenitoras knockout para Hes1 resulta em um significativo aumento de células T, similar a quantidade presente em um camundongo selvagem.  Simplificando as novidades trazidas por esse trabalho um comentário na mesma edição traz uma figura esquemática e também mostra em detalhes o impacto desses novos estudos para a área da linfopoiese (Bortinick and Murre. 2013).

Post de Grace Kelly Silva (Pós-doutoranda do laboratório de Imunoparasitologia) FMRP-USP.

Comente com o Facebook :

Nenhum comentário:

Postar um comentário

©SBI Sociedade Brasileira de Imunologia. Desenvolvido por: