Post de João P. M. Carmo
O
“admirável mundo novo” da ciência encontra neste blog o “admirável mundo novo
da tecnologia online”, através do texto “Academic tone-trolling: como a
interatividade impacta a comunicação científica online?”
Antes,
porém, de entrarmos no mérito do blog em si, penso que seria interessante
definir o que vem a ser “tone-trolling”. Basicamente, poderia ser traduzida
como “trolha”, pilhagem, piada, tentativa de ridicularização e assim por
diante. Mas o que se discute no texto, e a partir de agora, é como o TOM em que
essa informação, em forma de piada ou ironia, científicas ou não, pode
repercutir em diferentes resultados.
Segundo
o blog Rabett Run (http://rabett.blogspot.com.br/2010/04/advanced-trolling-101.html),
através do “tone troll” é bastante possível provocar, ridicularizar,
escarnecer, zombar, enfim, mofar de alguém, “com todo o respeito”. Por outro
lado, acredita-se que seria ingênuo esperar que houvesse menos educação em
comentários de um blog do que em reuniões acadêmicas “mundanas” comuns.
Propôs-se que um tom adequado seria quando fosse mais desafiador, inspirador e
divertido o esforço para se provocar alguém, mas “com todo o respeito” e
educação. Como em todo lugar, a chave é a autenticidade. Mas quem pode jugar se
um intercâmbio de informações é realmente autêntico? Algo entre uma máfia e uma
divindade deve ser moderado...
Além de blogs, Twitter, G+, Facebook, outras interfaces também cultivam um
espaço onde os comentaristas podem discordar com vigor de um autor, mas
permanecer comprometido com um diálogo real, neste “admirável mundo novo online”,
que passa a ser bastante desafiador. Assim, as vezes esse diálogo pode sair dos
trilhos. O que direciona essa diferença? Como se pode identificar quem comenta
simplesmente para causar problema versus alguém que se engaja para adicionar
valor a um debate genuíno? Que influência esta capacidade de se engajar via redes
sociais, as quais exercem influência sobre a própria mídia social e o conteúdo
e a direção da comunicação científica?
Dominique Brossard e Dietram Scheufele (Science, 2013) levantam outras questões
sobre os efeitos da mudança da comunicação da informação científica para o
público, de jornais impressos convencionais para revistas e espaços interativos
online. Em suma, elas puderam identificar que apenas o tom dos comentários a
histórias científicas em ambientes Web 2.0 podem alterar significativamente
como as audiências pensam sobre a própria tecnologia. Estes achados sugerem
também que pode haver melhores e piores maneiras de se administrar os
comentários ao seus posts, se o seu objetivo é ajudar os leitores a entender um
trecho particular da ciência.
Assim, a mensagem que fica é a seguinte: os cientistas sociais ainda não
descobriram todos os fatores que importam em como a audiência para a ciência
online vai receber e responder ao que está sendo oferecido – quem de nós
distribui conteúdo científico online deve assumir que nós também não
descobrimos todos os fatores.
Referências:
Academic tone-trolling: How does interactivity impact online Science
communication? Stemwedel J. Scientific American online. Jan 28th,
2013.
Science, New Media, and the Public. Brossard D
& Scheufele D. Science Jan 4th, 2013: Vol. 339, pp. 40-41.
Brave New World. Aldoux Huxley. 1932.
Nenhum comentário:
Postar um comentário